Nesta quinta-feira, 26, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) emitiu uma nota conjunta abordando as disputas e divergências que a entidade tem enfrentado nas últimas semanas. Desde o final de 2022, a conduta de Josué Gomes na liderança da Federação tem sido questionada por sindicatos associados. Como a Jovem Pan havia informado, a insatisfação do grupo gira em torno da atuação de Josué, "que não tem tempo para reuniões" e "não ouve as demandas dos sindicatos". A mudança na estrutura de poder na entidade também sido alvo de incômodo. Na nota divulgada, a instituição defende que é hora de deixar as discussões de lado para focar no desenvolvimento da entidade. "Nas últimas semanas, a Fiesp passou por momentos de discussões, internas e públicas, que representaram um dos grandes desafios na história de mais de 90 anos da nossa entidade. Diante disto, estivemos juntos refletindo sobre nossa Federação, a situação da Indústria e sua inserção no quadro de intensas transformações não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Concluímos que cabe a nós dar o exemplo de superação de divergências. Assim, decidimos usar toda nossa energia, capacidade de liderança e de articulação para fortalecer a nossa entidade e impulsionar, a partir dela, o processo de reindustrialização do nosso país", diz o documento. O texto pede colaboração entre os sindicatos e setores com pequenas e médias empresas para impulsionar o desenvolvimento sustentável da indústria. "Conclamamos a todos que abandonem eventuais diferenças e se unam a nós nesta jornada, com a certeza de que estamos fazendo o melhor pela Fiesp e pelo Brasil", termina o documento assinado pelo atual presidente Josué Gomes e o seu antecessor Paulo Skaf.
As desavenças começaram com o início da gestão de Josué. Um membro da Fiesp, que pediu anonimato, explicou que o que tem gerado insatisfação, na verdade, é a mudança na estrutura de poder na entidade. Com isso, a federação trouxe de volta grandes industriais que tinham se afastado ao longo da gestão de Paulo Skaf. Por causa da disputa, 86 dos 116 sindicatos da Fiesp assinaram o pedido para a realização da votação para possível interrupção do mandato de Josué, que havia sido eleito em janeiro de 2022 com 97% dos votos – substituindo Paulo Skaf, que esteve à frente da corporação por 17 anos. Nos últimos meses, Josué, filho do ex-vice-presidente da República, José Alencar, enfrentava uma discordância dos sindicatos de oposição que não aprovavam sua gestão à frente da federação industrial. Skaf se tornou um dos principais críticos da atual gestão da entidade. Parte da entidade não aprovou um manifesto a favor da democracia assinado por Gomes no ano passado. Na avaliação do grupo ligado a Skaf, o documento era crítico ao governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL). O afastamento de Josué chegou a ser aprovado em assembleia, mas decisão não foi reconhecida por falta de quórum e de consenso.
Fonte: Jovem Pan