Moraes confirma encontro com Marcos do Val e chama plano para gravá-lo de "Operação Tabajara"

Por meio de uma videochamada em uma conferência do Grupo Lide, o ministro detalhou a reunião e também fez um discurso em defesa da regulamentação das redes sociais para combater ataques à democracia

Por Trago Verdades em 03/02/2023 às 11:34:19

WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Nesta sexta-feira, 3, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), participou de uma conferĂȘncia do Grupo Lide realizada em Lisboa. Por meio de uma videochamada, o magistrado confirmou a versão do senador Marcos do Val (Podemos) sobre o encontro que os dois tiveram no qual o parlamentar revelou o plano de Daniel Silveira (PTB) para gravar o ministro sem autorização: "O que ele me disse foi que o deputado Daniel Silveira o teria procurado, e ele teria realmente participado de uma reunião com o ex-presidente da RepĂșblica. E a ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador (?) para que o senador pudesse me gravar e, a partir dessa gravação, pudesse solicitar a minha retirada da presidĂȘncia dos inquéritos. Eu indaguei ao senador se ele reafirmaria isso e colocaria no papel, que eu tomaria imediatamente o depoimento dele. O senador me disse que isso era uma questão de inteligĂȘncia e que infelizmente não poderia confirmar".

"Levantei, me despedi do senador e agradeci a presença, até porque o que não é oficial para mim não existe. Foi exatamente essa a tentativa de uma "Operação Tabajara", que mostra exatamente o quão ridĂ­culo nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil. Tudo isso estĂĄ sendo apurado, determinei a oitiva ontem do senador, a PolĂ­cia Federal jĂĄ realizou essa oitiva e as investigações por parte da PolĂ­cia Federal seguirão para que nós possamos, assim que chegar, analisar a responsabilidade de todos aqueles que se envolveram na tentativa de golpe", detalhou.

Nesta quinta-feira, 2, Do Val afirmou que recebeu uma proposta do ex-deputado Daniel Silveira tentando coagi-lo a ajudar em um plano para contestar os resultados das eleições de 2022. Segundo o senador, Silveira intermediou um encontro com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) em dezembro, no qual o deputado apresentou a "missão" de Do Val, que teria que se aproximar do ministro Alexandre de Moraes para gravar, sem autorização, conversas que comprometessem o magistrado e facilitassem o caminho para contestação dos resultados do pleito.

Ainda na conferĂȘncia do Grupo Lide, Moraes fez um discurso defendendo novas medidas no combate aos ataques à democracia após os atos violentos do dia 8 de janeiro. Para o ministro, seria necessĂĄria uma regulamentação das redes sociais: "Como instrumento altamente democrĂĄtico, as redes sociais passaram a permitir a participação de todos, a opinião de todos, a livre expressão de todos. O que surgiu de uma maneira democrĂĄtica, foi capturado pelos populistas, principalmente pela extrema direita, e transformado em um mecanismo de lavagem cerebral (?) essa lavagem cerebral transformou pessoas em zumbis. Pessoas repetindo ideias absurdas, pessoas cantando o hino nacional para pneus, pessoas esperando que ETs viessem para o Brasil resolver o suposto problema da urna eletrônica. O que poderia ser uma comédia, é uma tragédia. Uma tragédia que resultou na tentativa frustrada de golpe no dia 8 de janeiro".

"Levaremos, a partir de uma comissão constituĂ­da no Tribunal Superior Eleitoral, ao Congresso Nacional mecanismos de regulamentação das redes sociais. As redes sociais não podem ser nem mais, nem menos, controladas do que as demais empresas de mĂ­dia. A responsabilização por abusos na divulgação, na veiculação de notĂ­cias fraudulentas, na veiculação e divulgação de discursos de ódio, não deve ser maior, e não pode ser menor, do que o restante das mĂ­dias tradicionais. HĂĄ a necessidade de que haja uma legislação internacional, por meio de acordos. Da mesma forma que se combate o trĂĄfico internacional de drogas, o trĂĄfico internacional de pessoas, hĂĄ a necessidade do combate a esse verdadeiro trĂĄfico internacional de ideias contra a democracia", finalizou o ministro.

Fonte: Jovem Pan

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