Uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social traça um panorama da concentração de riqueza no Brasil. De acordo com o levantamento, as unidades federativas que têm maior média de patrimônio são, na ordem decrescente: Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Na capital federal, o valor médio de patrimônio é de R$ 94 mil; em São Paulo, R$ 90 mil; e no Rio de Janeiro, R$ 63 mil. Quando as capitais são analisadas, Florianópolis lidera o ranking de renda média, de R$ 4,2 mil; seguida de Porto Alegre, com R$ 3,7 mil; e Vitória, R$ 3.730. O levantamento apresenta um detalhamento diferente, a partir da análise do Imposto de Renda da população brasileira, como explica o economista e pesquisador do FGV, Marcelo Neri: "Tradicionalmente, os estudos usam pesquisas domiciliares. Mas essas pesquisas, como a Pnad Contínua, são conhecidas por não captarem muito bem a renda dos mais ricos, do patrimônio, porque as pessoas não abrem, não recebem os entrevistadores e quando recebem não divulgam a renda. E o Imposto de Renda permite cobrir essa lacuna".
Por outro lado, os Estados do Norte e do Nordeste do Brasil são os que possuem menor concentração de renda e patrimônio. Um dos principais resultados da pesquisa é de que o índice de desigualdade no país é mais alto do que se imaginava. Além disso, o levantamento aponta que durante a pandemia a desigualdade não caiu e que a classe média teve maior achatamento. "Os 10% mais ricos perderam 1,2%; o 1% mais rico perdeu 1,5%; enquanto o grupo do meio, a metade da população, perdeu 4,2%, três vezes mais que o topo", diz o pesquisador. Um dado que chamou a atenção dos pesquisadores foi o impacto da pandemia na cidade de São Paulo. Entre 2019 e 2020, a renda da capital paulista teve queda de 12%, maior recuo entre as 20 cidades com rendas mais altas do país. Para o economista Marcelo Neri, o levantamento mostra não apenas a necessidade de adotar novas políticas públicas, mas também a necessidade de aprovar reformas como a administrativa e a tributária.
Fonte: Jovem Pan