Moro abandona ataques a Bolsonaro e faz investidas contra Lula

Durante muito tempo, o ex-juiz titubeou em defender a Lava Jato

Por Trago Verdades em 14/08/2022 às 20:57:17

RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil), candidato ao Senado Federal pelo ParanĂĄ e ex-presidenciĂĄvel nas eleições de 2022, abandonou os ataques ao presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro da Justiça e Segurança PĂșblica, e agora concentra as ofensivas contra a campanha do ex-presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT). Inclusive, no Ășltimo mĂȘs, Moro afirmou que, se eleito, pretende se tornar lĂ­der da oposição em eventual governo do petista. Esse cenĂĄrio, de investidas e também de defesas, é fervoroso, por exemplo, no Twitter. No Ășltimo dia 6 de agosto, na mais recente publicação sobre Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT), Moro compartilha uma publicação que comprova que é falsa a foto que circula na internet do ex-presidente com o ex-juiz sorrindo. "Velha polĂ­tica, velhos métodos, velho hĂĄbito de manipular as pessoas. Chega desse sistema fake. CoerĂȘncia. PT jamais. Corruptos jamais. Nossa Ășnica arma serĂĄ a verdade", escreveu. No mesmo dia, Moro publicou um vĂ­deo em que explora o contraponto sobre como é tratado por simpatizantes e por militantes petistas. No post, o candidato ao Senado diz que "o PT tem problemas com a realidade".

Após Lula lançar a candidatura para à PresidĂȘncia da RepĂșblica pelo PT, Sérgio Moro relembrou da Operação Lava Jato e reforçou sua atuação no caso. "PT e Lula de volta jamais. Eu desmontei a corrupção dos governos do PT e executei a prisão do Lula", comentou nas redes sociais. As condenações impostas por Moro no âmbito da operação foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou o ex-magistrado suspeito e parcial. Um dos sĂ­mbolos do antipetismo, Moro diz que, se eleito, pretende fazer oposição ferrenha a um eventual governo Lula. "Espero que isso não aconteça, mas, no caso de uma vitória do ex-presidente Lula, é natural que eu me coloque na oposição para liderar uma resistĂȘncia necessĂĄria a polĂ­ticas pĂșblicas indesejĂĄveis em relação ao paĂ­s e também ser uma voz no Congresso em favor da integridade e do combate à corrupção", disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

A princĂ­pio, Moro se tornaria candidato ao PalĂĄcio do Planalto. No entanto, a tentativa fracassou: o ex-juiz se filiou ao Podemos e era tratado como a aposta da sigla para se contrapor à polarização entre Lula e Bolsonaro. O agora postulante ao Senado deixou a legenda alegando falta de recursos para uma candidatura presidencial robusta e causou insatisfação de então aliados. Ao chegar ao União Brasil, porém, enfrentou dois novos revezes. De inĂ­cio, teve de lidar com a resistĂȘncia de caciques ligados ao DEM (o União nasceu da fusão entre o Democratas e o PSL), que rechaçavam sua candidatura presidencial. Aliados de Luciano Bivar, presidente nacional da nova sigla, passaram a defender que Moro disputasse uma candidatura na Câmara dos Deputados, onde, acreditavam, seria eleito facilmente e atuaria como puxador de votos, fundamental para expandir a bancada do partido na Casa. O ex-ministro do governo Bolsonaro decidiu concorrer ao Senado, mas inicialmente por São Paulo. Contudo, em junho, o Tribunal Regional Eleitoral do Estado impôs uma nova derrota ao polĂ­tico e anulou a transferĂȘncia de domicĂ­lio eleitoral dele de Curitiba para a capital paulista. Com a decisão, Sérgio Moro foi impedido de disputar a cadeira pelo maior colégio eleitoral do paĂ­s. O União Brasil, então, o lançou como candidato ao Senado pelo ParanĂĄ – por uma ironia do destino, Moro disputarĂĄ a preferĂȘncia do eleitorado paranaense com o senador Alvaro Dias, seu padrinho polĂ­tico no Podemos. "A polĂ­tica tem uma dinâmica. Então, o que a gente tem que fazer é se adaptar às mudanças de cenĂĄrios", disse o ex-presidenciĂĄvel sobre as mudanças.

Em relação aos ataques ao presidente Jair Bolsonaro, o Ășltimo feito pelo ex-juiz foi em 14 abril deste ano. Dias antes, após se filiar ao União Brasil, Moro publicou uma foto ao lado da candidata à PresidĂȘncia da RepĂșblica, Simone Tebet (MDB), e aproveitou para alfinetar o presidente e o ex-presidente Lula. "Encontrei Simone Tebet em São Paulo. Conversamos sobre a união do centro. Democratas não podem se conformar com os autocratas Lula/Bolsonaro. Precisamos da indignação e do apoio de todos os brasileiros de bem", disse. "Bolsonaro poderia decretar sigilo de 100 anos sobre os tweets dele", escreveu. A posição pĂșblica de Moro em relação ao mandatĂĄrio do paĂ­s contrasta com a maneira pela qual ele é tratado por aliados próximos do governo federal. Antes de deixar o Ministério da Justiça e Segurança PĂșblica, o ex-magistrado da Lava Jato era visto como um sĂ­mbolo da gestão Bolsonaro, então identificada com a pauta do combate à corrupção. Em abril de 2020, porém, Moro anunciou sua saĂ­da da pasta e acusou o chefe do Executivo federal de tentar interferir politicamente na PolĂ­cia Federal (PF). A partir de então, entrou para a lista de inimigos do bolsonarismo – neste intervalo de pouco mais de dois anos do divórcio, Moro foi chamado, diversas vezes, de "traidor" e "oportunista".

Fonte: Jovem Pan

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