Não se assuste se o ator Beto Sargentelli, na pele de Clyde Barrow, pedir a chave do seu carro ou comer um quitute que está na sua mesa, tudo isso faz parte da experiência imersiva proporcionada pelo musical "Bonnie e Clyde", em cartaz atualmente em São Paulo. Sem um palco convencional e com mesas que envolvem passarelas, o espetáculo tem a proposta de colocar o público dentro da história do real casal de bandidos que entrou para a história nos Estados Unidos durante a Grande Depressão. Ao entrar no 033 Rooftop, o público se depara com um verdadeiro Ford V8 – carro que era a paixão do protagonista. "No momento em que esse projeto caminhou, a gente, junto com a Adriana Del Claro, que também produziu e atua no espetáculo, teve essa ideia de trazer um carro para esse espaço, e ela que falou: "Vamos fazer acontecer"", contou Beto, produtor e intérprete de Clyde, em entrevista à Jovem Pan. O carro da década de 1930 foi encontrado em Curitiba e passou por uma restauração para o musical. "Foi um grande sonho trazer esse carro e tornar essa experiência completa. É de fato uma réplica do carro de Bonnie e Clyde e essa é a primeira montagem no mundo a fazer isso", comentou Eline Porto, que dá vida a Bonnie e completa o time de produtores do espetáculo.
Além de entrar no Ford V8 para tirar fotos, o público pode comprar comidas e bebidas para consumir em sua mesa durante o espetáculo, sendo que o cardápio também foi pensado para conectar quem assiste à trajetória do casal – que se conheceu quando Bonnie trabalhava em uma lanchonete. Por ser imersivo, os atores quebram a quarta parede e interagem com o público. "É maravilhoso estar tão perto das pessoas. Ver as reações, poder andar pelo espaço. Na verdade, é uma maratona. Sair de um lugar, trocar de figurino, ir para outra parte do palco. É uma correria, mas é muito legal considerando essa espacialidade, porque dá para privilegiar todos os lugares. Eu digo que não tem lugar ruim. Qualquer lugar que você sentar, vai conseguir assistir à peça e ter uma boa experiência". A trama mostra que, entre um roubo e outro, o casal ganhou espaço nos jornais da época e se tornou amado por uma população que passava fome e sonhava em sair da miséria. Em certo momento, é possível ver Bonnie dando um autógrafo durante um roubo. A popularidade do casal foi tanta que em 1967 Bonnie e Clyde foram tema de um filme de sucesso em Hollywood e, em 2009, inspiraram o musical que este ano ganhou uma montagem brasileira.
Na visão de Beto e Eline, os fãs da obra cinematográfica não vão se decepcionar com o musical, que também foca na relação desses jovens conhecidos também por seus grandes assaltos a bancos. "Esse amor que a gente relata no espetáculo vem muito das poesias da Bonnie. Ela realmente escreveu poesias sobre essa época e depois foram publicadas. Ela fala muito desse amor, dessa paixão enlouquecedora que eles tinham. Claro que a gente nunca sabe, foi criada uma lenda [sobre esse casal], as gerações vão passando da forma como elas acham que tem que passar. Sou suspeita para falar, mas confio muito no que a Bonnie escreveu", pontuou a atriz. O intérprete de Clyde ressalta que o cômico musical não tem a intenção de tomar partido. "O espetáculo mostra como rir na própria miséria é um riso crítico e traz de uma forma mais atenuada um debate social. O musical não julga nenhum lado, não defende o crime e muito menos romantiza isso. Existe um equilíbrio, não defende Bonnie e Clyde e também não os pinta como sanguinários. Cada um que assiste interpreta à sua maneira."
Confira detalhes de "Bonnie e Clyde" no Drops:
Serviço:
- Local: 033 Rooftop do Teatro Santander (Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041 – Vila Olímpia)
- Temporada: 10 de março a 14 de maio de 2023
- Sessões: Sextas-feiras às 20hs | Sábados às 15h30 e às 20hs | Domingos às 15h30 e às 20hs.
- Preços: Setor VIP R$ 250,00 | Setor 1 R$ 220,00 |Setor 2: R$ 75,00
- Ingressos: www.sympla.com.br
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