Sete anos após ter sido afastada da Presidência da República brasileira, Dilma Rousseff (PT) vai ser presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) do BRICS, grupo de países de mercado emergente que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Na instituição, criada em 2014, ela terá um salário mensal próximo de R$ 220 mil, algo em torno de R$ 2,65 milhões por ano. O banco ainda vai oferecer a Dilma benefícios como assistência médica, auxílio-viagem para o país de origem, subsídios para mudança em caso de contratação e desligamento, além de transporte aéreo. A situação divide opiniões no Brasil. Por isso, uma equipe de reportagem foi às ruas da capital paulista para perguntar a pessoas comuns qual o salário digno que acreditam que deveriam receber para sustentar suas famílias. Para Marcela Soares Pereira, promotora de vendas, uma remuneração compatível com o que precisa para sobreviver seria "acima de R$ 2.000. Só o meu aluguel, hoje em dia, é R$ 1.000. O salário mínimo não ultrapassa R$ 1.500". Já Rosimery Macedo, assistente administrativo, diz não considerar bom o salário que recebe: "Hoje em dia, um salário ideal para mim, que sou mãe de família, tenho casa, eu acredito que seria R$ 5.000".
Manuela Hanburdy, estudante de Relações Internacionais, diz não imaginar como seria ter uma remuneração de R$ 220 mil: "A meta quando me formar é ter um salário alto, digno, R$ 220 mil seria um sonho. Por mês, seria mais que um sonho, seria irreal". Clécia Dias Soares, promotora de vendas que vive com um salário mínimo, comenta sobre a realidade do povo brasileiro e diz que não saberia o que fazer com tanto dinheiro: "Está tudo muito caro, o custo de vida, comida. Só quem vive do salário mínimo sabe o milagre que a gente faz no mercado. Se eu ganhasse tudo isso por mês, não sei nem o que eu faria, porque a gente está tão acostumado a ganhar um salário mínimo que, quando a gente pega esse dinheiro, a gente sai gastando e fica pobre de novo".
Alan Ghani, economista-chefe da SaraInvest e comentarista da Jovem Pan News, diz que o salário que a ex-presidente vai ganhar no banco do BRICS é equiparado ao de celebridades e executivos que geram receitas maiores do que o valor que recebem. "Esse é um salário de um grande apresentador de TV, de uma celebridade, um jogador de futebol. Na verdade, eles ganham isso porque eles entregam. De alguma maneira, eles estão gerando muita renda para a sociedade. O Neymar, por exemplo, independente de achar justo ou não o cara ganhar isso, quando ele entra em campo, toda uma indústria se movimenta em torno dele", argumenta. O economista lembra que Dilma sofreu um impeachment pela prática das pedaladas fiscais, com atrasos de pagamentos a bancos públicos, e pela edição de decretos de abertura de crédito sem autorização do Congresso Nacional. "Um banco público não pode financiar o governo. E aconteceu que, por uma má gestão do governo, o governo passou a receber dinheiro da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, mas não pagava. E foi acumulando um passivo gigantesco. Após um ano, esse passivo estava muito grande. Como posso ter? Imagina isso no setor privado, seria inconcebível, quem cometeu um crime de responsabilidade ser contratado", completa.
Fonte: Jovem Pan