Com o início do período oficial de campanha eleitoral nesta terça-feira, 16, uma das principais preocupações das autoridades é com a segurança dos candidatos à Presidência da República, que é feita em diversos esquemas organizados pela Polícia Federal. Para falar sobre o assunto, explicando como o trabalho é realizado pela PF e também a necessidade dessa proteção aos candidatos, o delegado Thiago Marcantonio Ferreira, que é também coordenador de proteção à pessoa da PF, concedeu uma entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta terça. Segundo ele, a corporação está adotando várias medidas para identificar e neutralizar possíveis ameaças aos postulantes ao cargo de presidente do Brasil. "Nós estamos adotando uma série de medidas para identificar eventuais ameaças contra os presidenciáveis, para podermos atuar para neutralizá-las. Evidentemente, uma campanha eleitoral tem a sua própria dinâmica. O candidato precisa do contato com o público. É diferente de quando nós realizamos a segurança de uma autoridade estrangeira que vem ao Brasil, que fica, na maioria das vezes, em um ambiente muito controlado: aeroporto-hotel, hotel-evento, evento-aeroporto, enfim. Isso nos facilita o trabalho, quando a autoridade está em um ambiente controlado. Em um ambiente de um processo eleitoral, o candidato tem uma maior exposição e contato com o público. E, para que a gente fizesse uma campanha com segurança, nós treinamos e qualificamos o nosso pessoal de maneira que eu tenho certeza que a PF está pronta para dar resposta e garantir essa segurança. O que não nos acabe enquanto instituição é determinar se um candidato vai ou não fazer campanha em um determinado local. O que a gente faz é estabelecer um diálogo com o staff do candidato e pode chegar até a recomendar a não participação em determinado evento em razão de algum risco identificado, mas isso é tudo conversado com a equipe. E, por enquanto, a gente já está desde o dia 22 fazendo a segurança de alguns candidatos, tudo tem transcorrido muito bem. Evidentemente que, agora, vai se intensificar a campanha, porque agora o candidato passa a poder fazer uma série de atos que antes não podia. Mas acredito que estamos preparados para enfrentar esse desafio", declarou Ferreira.
De acordo com o delegado, a legislação brasileira dá direito aos candidatos, a partir da homologação da candidatura, a contar com a segurança da Polícia Federal, basta que eles solicitem que o trabalho seja realizado. A proteção é feita por equipes específicas para cada candidato com suporte de um grupo de inteligência. "Para este ano, a gente tentou estreitar a nossa relação com a nossa área de inteligência, que também sempre foi muito forte. A gente procurou ter uma assessoramento dessa área. Foi criado um grupo específico para dar suporte aos agentes em campo, que é o grupo de inteligência da segurança dos presidenciáveis. Cada presidenciável conta com uma equipe dedicada [à segurança a dele]. Para definição dessa equipe, nós criamos uma metodologia que dá um nível de um a cinco de classificação, para que a gente possa disponibilizar par ao candidato uma determinada classe de equipe. Essa equipe dedicada ao candidato é assessorada por esse grupo de inteligência. E quando essa equipe viaja para os outros Estados ela encontra também os grupos de segurança militar, que acabam se juntando a essa equipe e compondo uma célula maior de proteção. Mas eu queria ressaltar aqui que a Polícia Federal fica com a segurança pessoal, aproximada, do candidato. Nós temos também que fazer o registro de todos os outros aparatos do sistema único de segurança pública, especialmente das polícia militares, corpo de bombeiros, polícias civis, que atuam em todos os eventos que os candidatos participam", disse.
"A Polícia Federal fez uma preparação muito cuidadosa para essas eleições. Já há alguns meses, nós estamos nos preparando para enfrentar os desafios que nós entendiamos que iríamos enfrentar. Trabalhamos diversos planos aqui dentro da instituição, no plano de normatizações, institucionalização de algumas práticas, capacitação e treinamento continuados e também na questão da aquisição e investimento em equipamentos. De modo que entendo que a PF fez a melhor preparação possível para estas eleições. Estamos preparados para garantir a integridade física dos presidenciáveis e o livre exercício de candidatura", disse Ferreira.
Questionado sobre uma notícia veiculada recentemente em um jornal de São Paulo que apontava um mal-estar entre agentes da PF e a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o delegado. "Sim, houve essa notícia. Nós conversamos com a equipe [responsável pela segurança], como tem que ser, a coordenação nacional da Polícia Federal falando com a equipe, passamos as orientações, e acreditamos que esse episódio está superado. E, a partir de agora, nós vamos ter um prosseguimento da forma que tem que ser, as equipes sempre subordinadas à coordenação. Acredito que foi desajuste que ocorreu, mas acredito que isso já esteja superado em razão das conversas que tivemos com a equipe", revelou. Já sobre o caso específico do presidente Bolsonaro, por estar em exercício no comando do Executivo federal, ele explicou que a atuação da PF é menor. "O caso do presidente Bolsonaro é um caso particular porque ele tem direito à segurança do gabinete de segurança institucional (GSI). Então, a polícia federal acaba praticamente não atuando. Os ex-presidentes têm direito a um staff de segurança e alguns ex-governadores também, porque há um paralelismo em alguns Estados da legislação federal com a estadual, é o caso, por exemplo, do ex-governador Ciro Gomes. A atribuição legal de fazer a segurança dos presidenciáveis é da PF, portanto a liderança técnica é nossa, a coordenação é nossa, mas, evidentemente, a gente conversa com o staff de segurança dessas autoridades para que a gente possa fazer uma composição e para que eles possam atuar em conjunto com a gente", pontuou Ferreira. O delegado ainda informou que o contato com os staffs das autoridades que têm direito a eles tem sido tranquilo e respeitoso.
Fonte: Jovem Pan