A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o desmatamento recorde na Amazônia e no cerrado no primeiro trimestre do governo Lula é culpa do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entre janeiro e março, a região teve o segundo maior desmatamento já registrado desde 2016, quando começou a série histórica, feita a partir do sistema de alertas do Deter, que registra a cobertura florestal. O sistema é gerenciado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Já no cerrado, cuja série histórica começou em 2019, o primeiro trimestre do governo Lula bateu recorde de devastação.
Nesses três meses em que Marina é ministra do Meio Ambiente, 1,4 mil quilômetros quadrados (km²) de vegetação foram perdidos no cerrado e 850 km² na Floresta Amazônica. Em fevereiro, quando houve recorde de desmatamento na Amazônia para aquele mês, a ministra atribuiu o aumento a um ato de revanche.
Sob Lula, desmatamento cresce quase 50% em relação a fevereiro de 2022
Alertas de desmatamento batem recorde para fevereiro — e o mês ainda não acabou
Para a ministra, no entanto, a culpa é da gestão anterior, que reduziu o número de fiscais ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em entrevista à CNN, na noite de segunda-feira 10, ela disse que, quando deixou o Ministério do Meio Ambiente, em 2008, havia 1,7 mil fiscais e, agora, haveria somente 700.
Ela nada explicou se a suposta baixa teria se dado ao longo dos últimos 15 anos, que incluem os anos finais do governo Lula, os seis anos de Dilma Rousseff e os dois anos de Michel Temer e os quatro anos de Bolsonaro, ou somente nos últimos quatro anos de Bolsonaro.
Segundo Marina, um concurso público deve ser realizado ainda no primeiro semestre. "Já conseguimos com o Ministério da Gestão concurso ao Ibama e ao ICMBio. E vamos emergencialmente convocar aqueles que fizeram concurso público e estavam na reserva de forma emergencial", declarou. "É um grande reforço para essa área, que foi completamente exaurida."
Ela acrescentou, sem apresentar provas, que, no governo passado, técnicos "foram pressionados, abandonados, intimidados por militares que estavam aqui dentro e que só estavam aqui exatamente para fazer o contrário da proteção".
A ministra embarcou nesta terça-feira, 11, com o presidente Lula da Silva para a China. Na entrevista, segundo a CNN, disse estar otimista com a possibilidade de acordos bilaterais, entre eles na área de meio ambiente. "A China conseguiu restaurar 70 milhões de hectares de floresta. E tem experiência em geração de energia eólica e solar, promovendo uma transição ecológica", afirmou.
Fonte: Revista Oeste