O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), rasgou sua palavra e adiou a sessão do Congresso Nacional desta terça-feira, 18, que, entre outros itens, seria destinada à leitura do pedido de abertura da CPMI (comissão mista, com a presença de deputados e senadores) das manifestações do dia 8 de janeiro. A nova data será no dia 26 de abril.
A intenção de Lula é conseguir que 24 deputados retirem suas assinaturas até a próxima terça-feira — a lista tem 194 assinaturas de 171 necessárias. No Senado, a chance de recuo de um dos 37 senadores é mínima — são exigidos 27.
Pacheco atendeu ao pedido do governo Lula, que vem tentando de tudo para impedir a CPMI — distribuição de cargos na máquina pública, emendas parlamentares e até ameaças de retaliações de verbas. Um grupo de líderes da Câmara encampou o pedido de adiamento: PSB, PSD (do próprio Pacheco), Republicanos, MDB e Podemos.
A oposição reagiu. A Frente Parlamentar da Agropecuária, a maior do Congresso, conseguiu levar parlamentares ao plenário da Câmara para assegurar quórum mínimo caso a sessão do Congresso ocorresse — o esvaziamento também era uma tática para inviabilizar a sessão.
O presidente do Senado, contudo, optou por ceder à pressão de Lula. Mas será um longo dia em Brasília. Depois da confirmação do adiamento da sessão, Pacheco afirmou que a decisão foi tomada em decorrência de um pedido feito pela maioria das lideranças da Câmara e do Senado.
No entanto, até mesmo integrantes da base de governo, como o senador Omar Aziz (PSD-AM), defendiam a leitura da CPMI nesta terça-feira. "Não vejo como a CPMI possa atrapalhar o governo", explicou Aziz. É uma questão natural. Não dá para achar que uma CPMI, que não está investigando o governo, ou ministros do governo, possa atrapalhar o andamento do governo."
Assim como os governistas, Pacheco disse que a mudança se deu em decorrência de um Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN). Trata-se do PLN em regime de urgência que garante o pagamento do piso nacional da enfermagem. O projeto deve ser enviado ao Congresso pelo Executivo ainda hoje.
Por fim, o presidente do Senado prometeu: a próxima sessão do Congresso servirá para instalar a CPMI do 8 de janeiro. "E a leitura do requerimento da CPMI, que é uma reivindicação da oposição", disse Pacheco que, sem dar o aval para a criação da comissão, vai viajar a Londres, no Reino Unido, onde será palestrante em evento organizado pelo Lide, empresa controlada por João Doria, ex-governador de São Paulo.
Fonte: Revista Oeste