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Brasil

Ex-ministro do GSI diz em depoimento, que Flávio Dino e Múcio Monteiro tinham responsabilidades no acompanhamento dos atos de 8 de Janeiro

Gonçalves Dias se defendeu das acusações de que foi omisso: "Confio na justiça", disse


Montagem fotos: Breno Esaki (Especial Metrópoles)/Marcos Corrêa (PR)/ ED ALVES (CB/D.A.Press)

Em depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira, 21, o general da reserva Marco Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou que não teve nenhuma responsabilidade nos atos do dia 8 de janeiro, em Brasília. Em nota publicada após o depoimento, o general disse que vê sua convocação como oportunidade de se defender das acusações de que teria sido omisso nos ataques à sede do Executivo. "Uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa", afirmou. "Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade, seja omissiva ou comissiva, nos fatos do dia 8 de janeiro", disse o general.

Por mais de cinco horas, o general da reserva prestou esclarecimentos aos agentes da PF no inquérito que investiga as manifestações e sobre as imagens do circuito interno do Palácio do Planalto, onde ele aparece circulando no terceiro andar do prédio entre manifestantes. Logo após a divulgação dos vídeos, na última quarta-feira, 19, Dias pediu demissão do cargo. O ex-chefe do GSI chegou à sede da Polícia Federal por volta das 9h e deixou o local perto de 13h30. Ele acessou e deixou o prédio pelo subsolo, sem falar com a imprensa que o aguardava do lado de fora.

O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula, afirmou que o acompanhamento dos movimentos antidemocráticos que desbordaram na invasão das sedes dos Três Poderes era "de atribuição do Ministério da Justiça, da Secretaria de Segurança Pública [cujo titular é Flávio Dino] e do Ministério da Defesa [comandada por José Múcio Monteiro]". Ele reclamou que o GSI não foi convidado para a reunião do Plano de Ações Integradas, ocorrida na antevéspera da invasão, e que a falta de reação do governo no dia 8 de janeiro resultou de "um apagão geral do sistema pela falta de informações para tomada de decisões". Ele negou ter recebido informações prévias da Abin.

G. Dias, como é conhecido, afirmou, entretanto, que os protestos já estavam sob a lupa do governo na transição, antes mesmo da posse, tendo sido avaliados pelo Centro Integrado de Comando e Controle Regional da SSP/DF. Segundo ele, no caso dos acampamentos em área militar, cabia ao Exército fiscalizar e retirá-los. E que entendeu, na noite da invasão, "não ser conveniente e seguro a prisão dos vândalos" que estavam acampados em frente ao QG do Exército, sem que houvesse um planejamento prévio, "em razão dos ânimos exaltados e a presença de famílias, idosos e crianças".

À PF, o ex-chefe do GSI de Lula esclareceu que, no início da tarde daquele domingo, havia no Planalto 45 agentes da Coordenação Geral de Segurança, 46 militares do 1o Regimento de Cavalaria de Guardas e 1 Pelotão de Choque de Reforço com 38 militares do Batalhão da Guarda Presidencial. Ele disse que a sede do governo foi invadida às 15h41 e que chegou ao local às 14h50, quando viu "a multidão conseguir superar o bloqueio da PMDF e partir em direção ao Palácio do Planalto". Então, pediu reforços. "Que ao final da operação o total de militares era de 487 e de policiais militares era de 520 e que não tem conhecimento se houve demora injustificada do Exército", em apoia à segurança no local.

"Que ao entrar no Palácio do Planalto, se dirigiu ao 4o andar e verificou que havia invasores e estavam sendo retirados por agentes do GSI e após descer para o 3o andar fez uma varredura e encontrou outros invasores na sala contígua e conduziu essas pessoas à saída." Questionado por que não efetuou a prisão dos invasores, o general disse que "estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no 2o piso tão logo descessem, pois era o protocolo; que não tinha condições materiais de sozinho efetuar prisão".

Por fim, o general afirmou ter entregue as imagens das câmeras da Presidência a todas as instituições de Estado, "sem omissão de possíveis filmagens". A versão contradiz a cobrança feita por Alexandre de Moraes, mais cedo, em despacho no qual determinou a quebra do sigilo das gravações e a entrega integral do material.


Com informações da Jovem Pan

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