Ex-ministro do GSI diz em depoimento, que Flávio Dino e Múcio Monteiro tinham responsabilidades no acompanhamento dos atos de 8 de Janeiro

Gonçalves Dias se defendeu das acusações de que foi omisso: "Confio na justiça", disse

Por Trago Verdades em 21/04/2023 às 17:43:29

Montagem fotos: Breno Esaki (Especial Metrópoles)/Marcos Corrêa (PR)/ ED ALVES (CB/D.A.Press)

Em depoimento à PolĂ­cia Federal nesta sexta-feira, 21, o general da reserva Marco Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou que não teve nenhuma responsabilidade nos atos do dia 8 de janeiro, em BrasĂ­lia. Em nota publicada após o depoimento, o general disse que vĂȘ sua convocação como oportunidade de se defender das acusações de que teria sido omisso nos ataques à sede do Executivo. "Uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que tĂȘm sido explorados na imprensa", afirmou. "Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade, seja omissiva ou comissiva, nos fatos do dia 8 de janeiro", disse o general.

Por mais de cinco horas, o general da reserva prestou esclarecimentos aos agentes da PF no inquérito que investiga as manifestações e sobre as imagens do circuito interno do PalĂĄcio do Planalto, onde ele aparece circulando no terceiro andar do prédio entre manifestantes. Logo após a divulgação dos vĂ­deos, na Ășltima quarta-feira, 19, Dias pediu demissão do cargo. O ex-chefe do GSI chegou à sede da PolĂ­cia Federal por volta das 9h e deixou o local perto de 13h30. Ele acessou e deixou o prédio pelo subsolo, sem falar com a imprensa que o aguardava do lado de fora.

O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula, afirmou que o acompanhamento dos movimentos antidemocrĂĄticos que desbordaram na invasão das sedes dos TrĂȘs Poderes era "de atribuição do Ministério da Justiça, da Secretaria de Segurança PĂșblica [cujo titular é FlĂĄvio Dino] e do Ministério da Defesa [comandada por José MĂșcio Monteiro]". Ele reclamou que o GSI não foi convidado para a reunião do Plano de Ações Integradas, ocorrida na antevéspera da invasão, e que a falta de reação do governo no dia 8 de janeiro resultou de "um apagão geral do sistema pela falta de informações para tomada de decisões". Ele negou ter recebido informações prévias da Abin.

G. Dias, como é conhecido, afirmou, entretanto, que os protestos jĂĄ estavam sob a lupa do governo na transição, antes mesmo da posse, tendo sido avaliados pelo Centro Integrado de Comando e Controle Regional da SSP/DF. Segundo ele, no caso dos acampamentos em ĂĄrea militar, cabia ao Exército fiscalizar e retirĂĄ-los. E que entendeu, na noite da invasão, "não ser conveniente e seguro a prisão dos vândalos" que estavam acampados em frente ao QG do Exército, sem que houvesse um planejamento prévio, "em razão dos ânimos exaltados e a presença de famĂ­lias, idosos e crianças".

À PF, o ex-chefe do GSI de Lula esclareceu que, no inĂ­cio da tarde daquele domingo, havia no Planalto 45 agentes da Coordenação Geral de Segurança, 46 militares do 1o Regimento de Cavalaria de Guardas e 1 Pelotão de Choque de Reforço com 38 militares do Batalhão da Guarda Presidencial. Ele disse que a sede do governo foi invadida às 15h41 e que chegou ao local às 14h50, quando viu "a multidão conseguir superar o bloqueio da PMDF e partir em direção ao PalĂĄcio do Planalto". Então, pediu reforços. "Que ao final da operação o total de militares era de 487 e de policiais militares era de 520 e que não tem conhecimento se houve demora injustificada do Exército", em apoia à segurança no local.

"Que ao entrar no PalĂĄcio do Planalto, se dirigiu ao 4o andar e verificou que havia invasores e estavam sendo retirados por agentes do GSI e após descer para o 3o andar fez uma varredura e encontrou outros invasores na sala contĂ­gua e conduziu essas pessoas à saĂ­da." Questionado por que não efetuou a prisão dos invasores, o general disse que "estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no 2o piso tão logo descessem, pois era o protocolo; que não tinha condições materiais de sozinho efetuar prisão".

Por fim, o general afirmou ter entregue as imagens das câmeras da PresidĂȘncia a todas as instituições de Estado, "sem omissão de possĂ­veis filmagens". A versão contradiz a cobrança feita por Alexandre de Moraes, mais cedo, em despacho no qual determinou a quebra do sigilo das gravações e a entrega integral do material.


Com informações da Jovem Pan

Fonte: Jovem Pan

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