Documentos revelam que Abin emitiu alertas ao GSI e Ministério de Dino

Reportagem da Folha de S.Paulo cita material sigiloso e mostra quem recebeu os alertas

Por Trago Verdades em 28/04/2023 às 09:14:02

Montagem com fotos: Reprodução/Wikimedia Commons

O Ministério da Justiça, comandado por FlĂĄvio Dino, e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), cujo titular era o general Gonçalves Dias, foram reiteradamente avisados pela AgĂȘncia Brasileira de InteligĂȘncia (Abin) da possibilidade de atos violentos, que, de fato, ocorreram em 8 de janeiro.
A informação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo na noite de quinta-feira 27, com base em documentos sigilosos, obtidos pela reportagem.
Gonçalves Dias, que se demitiu depois da divulgação de imagens em que ele aparecia dentro do Planalto no momento da invasão, e Dino negam terem recebido os alertas.
A informação de que a Abin tinha feito alerta sobre os possĂ­veis atos de vandalismo entre 6 e 8 de janeiro jĂĄ tinha sido divulgada pela imprensa. Agora, porém, os documentos obtidos pela Folha mostram a quem esses alertas foram enviados.
Esses documentos sigilosos da Abin jĂĄ estão com o Congresso Nacional, segundo a Folha. Foram enviados pela Abin à Comissão Mista de Controle das Atividades de InteligĂȘncia (CCAI) em 20 de janeiro.
Além do GSI, outros 13 órgãos receberam os comunicados, incluindo a Secretaria de Segurança PĂșblica do Distrito Federal. No Ministério da Justiça, de acordo com o jornal, quem recebeu informes ao menos desde o dia 2 de janeiro foi a Diretoria de InteligĂȘncia.
No caso do GSI, a Abin mostra que o próprio Gonçalves Dias recebeu em seu celular ao menos trĂȘs alertas desde 6 de janeiro. A partir desse dia, a PolĂ­cia Federal e a PolĂ­cia RodoviĂĄria Federal também começaram a ser atualizadas.
A Abin enviou mensagens ao GSI e à equipe de Dino em 6 de janeiro, às 19h40; em 7 de janeiro, às 10h30 e 12h; e sete mensagens em 8 de janeiro, ate as 14h45.
Segunda a Folha, o documento mostra que apesar de os alertas terem sido enviados ao ministro do GSI a partir de 6 de janeiro, a Abin jĂĄ relatava a sete órgãos federais a situação de manifestações contra a eleição de Lula em rodovias e capitais.
Recebiam os informes o Centro de InteligĂȘncia do Exército, o Centro de InteligĂȘncia da Marinha, Assessoria de InteligĂȘncia de Defesa do Ministério da Defesa, a Diretoria de InteligĂȘncia do Ministério da Justiça, a AgĂȘncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Ministério da Infraestrutura e a AgĂȘncia Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A partir do dia 6, no entanto, o GSI, a PF, a PRF e órgãos de segurança do Distrito Federal também foram incluĂ­dos nos informes da Abin.
Em depoimento à PF, Gonçalves Dias negou que tivesse recebido relatórios da Abin e disse que só soube dos alertas enviados pelas equipes de inteligĂȘncia quando reuniu as informações para responder os questionamentos da CCAI.



General Gonçalves Dias pediu demissão do GSI depois que as imagens de sua presença na "cena do crime" se tornaram pĂșblicas | Foto: Reprodução/CNN

O Ministério da Justiça, em nota, afirmou não ter recebido os informes de inteligĂȘncia. Em audiĂȘncia na Câmara no mĂȘs passado, FlĂĄvio Dino afirmou: "Inventaram que eu recebi um informe da Abin, que é tão secreto que ninguém nunca leu, nem eu mesmo. Por quĂȘ? Por uma razão objetiva: eu jamais o recebi."
Os alertas sobre o 8 de janeiro
A mensagem do dia 6 de janeiro informava que havia "risco de ações violentas contra edifĂ­cios pĂșblicos e autoridades" e que manifestantes tinham "acesso a armas" e "a intenção manifesta de invadir o Congresso Nacional".
No dia seguinte, o informe é sobre a chegada de 18 ônibus de outros Estados. "MantĂȘm-se convocações para ações violentas e tentativas de ocupações de prédios pĂșblicos", segundo publicado pela Folha. No segundo informe do dia, a Abin fala em 105 ônibus com 3,9 mil passageiros chegando a BrasĂ­lia.
No dia 8, os informes são sobre a chegada de cerca de 100 ônibus "para os atos previstos na Esplanada dos Ministérios"; sobre aumento no nĂșmero de barracas; incitações para ocupação de prédios pĂșblicos e ações violentas; e relato sobre pessoas armadas.
A mensagem das 13h40 informa sobre o inĂ­cio do deslocamento da a Esplanada; às 14h30, sobre a chegada à barreira policial; e às 14h45, o Ășltimo comunicado informa sobre o rompimento da barreira policial em frente ao Congresso.

Fonte: Revista Oeste

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