O diretor de relações governamentais e polĂticas pĂșblicas do Google Brasil, Marcelo Lacerda, avaliou o Projeto de Lei (PL) da Censura como "vago". Além disso, afirmou que a proposta pode "fomentar a desinformação" e não combatĂȘ-la.
Proposto pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), o projeto foi aprovado pelo Senado em 2020. A versão mais recente do PL prevĂȘ que os polĂticos não podem bloquear os seguidores em seus perfis nas redes sociais e que aplicativos de mensagens precisam limitar a distribuição em massa de conteĂșdos.
Além disso, estabelece uma multa entre R$ 50 mil e R$ 1 milhão, por hora, para empresas que não cumprem as decisões judiciais para a remoção imediata de um "conteĂșdo ilĂcito". A divulgação de fake news também serĂĄ punida com até trĂȘs anos de prisão.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o diretor do Google disse que o PL da Censura deve ser debatido em uma comissão especial e criticou a falta de audiĂȘncia pĂșblica e discussão sobre o assunto.
De acordo com Lacerda, diversos órgãos solicitam uma discussão mais ampla sobre o assunto, como a Ordem dos Advogados do Brasil. "Ainda falta um debate um pouco mais aprofundado para a gente ter um pouco mais de clareza sobre como vai ser aplicado, quais as consequĂȘncias e se aquilo vai gerar o resultado que a gente espera, que é combater a desinformação", explicou.
O diretor disse que a proposta traz obrigações que as plataformas não possuem clareza de como devem ser feitas.
"Não sabemos quem vai regular isso. Vai ser o poder federal? A presidĂȘncia? Alguma agĂȘncia especĂfica? Ministério especĂfico? Não hĂĄ mais a previsão da entidade regulamentadora", continuou.
Na Ășltima versão apresentada na quinta-feira 27, o relator do projeto, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), retirou do documento a criação de uma agĂȘncia reguladora que supervisionaria as plataformas. Orlando ainda deixou claro o livre exercĂcio dos cultos religiosos e a "exposição plena" dos dogmas e livros sagrados.
Por fim, Lacerda criticou o fato de o projeto estipular as mesmas regras para redes sociais e buscadores. O diretor do Google se refere a previsão de exclusão de postagens, mecanismo que, segundo ele, não funciona na lógica dos buscadores — que não fazem publicações, apenas organizam o conteĂșdo publicado.
O PL da Censura vai ser votado na Câmara dos Deputados na terça-feira 2. Depois que a urgĂȘncia do projeto foi aprovada, ele não precisou passar por nenhuma comissão, indo diretamente ao PlenĂĄrio.
Fonte: Revista Oeste