A CPI quer apurar um suposto esquema de manipulação de jogos no futebol brasileiro. Com os novos desdobramentos da Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), oito jogadores se tornaram réus e vários outros estão sendo investigados. Até o momento, dois atletas já foram demitido pelo Athletico-PR e mais dez estão afastados de suas atividades por suspeita de ligação com uma quadrilha de apostas. Abaixo, confira mais detalhes sobre o escândalo.
Presidente do Vila Nova, o policial Hugo Jorge Bravo foi responsável por descobrir o esquema de manipulação de jogos do futebol brasileiro e levar o caso ao Ministério Público do Estado de Goiás. Em entrevista exclusiva ao programa "Bate-Pronto", do Grupo Jovem Pan, o mandatário do clube goiano contou como tomou conhecimento do escândalo envolvendo apostas esportivas. Segundo o cartola, no final da Série B do Campeonato Brasileiro 2022, ele soube que um jogador do seu time estava sendo ameaçado por um apostador. Hugo, então, disse ao criminoso que resolveria o problema, mas acabou levando a situação à Justiça. "Nós ficamos sabendo que um atleta, que fazia parte do nosso clube, estaria sendo cobrado por um grupo de apostadores por uma aposta que não teria dado certo. Ao tomar conhecimento, procuramos saber de onde vinha a informação e quem estaria cobrando. Entramos em contato com o apostador e começamos a extrair as informações através do WhatsApp, que possibilitou materializar as provas. A partir daí, procurei o Ministério Público do Estado de Goiás, através do Fernando Cesconetto, que é o grande e principal responsável por tudo isso. Ele acredito em nós, se prontificou a abrir mão de várias coisas e se debruçou de forma incessante no caso", explicou. "Entrei no caso tentando ser um 'encantador de serpente'. Falei: 'amigão, vou resolver seu problema'. Na verdade, estávamos só tentando esclarecer um crime, que estava debaixo do meu nariz", continuou.
O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) deflagrou a Operação Penalidade Máxima no dia 14 de fevereiro deste ano. Na primeira fase, a investigação girava em torno apenas de jogos na Série B do Brasileirão 2022. O Gaeco apurou que os atletas envolvidos receberam R$ 10 mil de adiantamento para a prática ilícita. Caso o combinado fosse cumprido, eles receberiam mais R$ 140 mil. Já o lucro esperado para os apostadores variava de R$ 500 mil a R$ 2 milhões. Na segunda fase da operação, os investigadores também acharam indícios de fraudes em jogos da Série A do ano passado e de torneios estaduais de 2023.
De acordo com o Ministério Públio do Estado de Goiás (MPGO), os jogadores eram abordados por apostadores e recebiam uma quantia de R$ 40 mil a R$ 100 mil para cometer determinados atos em campo, como receber cartões amarelos e/ou vermelhos, além de conceder escanteios e fazer pênaltis. Até o momento, não há suspeita de manipulação nos resultados dos confrontos.
Segundo os investigadores, a quadrilha de apostadores teria atuado em jogos da Série A e B do Brasileirão 2022, além de partidas de campeonatos estaduais deste ano. Abaixo, confira os jogos que estão na mira do MP.
Oito jogadores de diferentes clubes foram denunciados pelo Ministério Público e viraram réus por participarem do suposto esquema. São eles: Romário (ex-Vila Nova), Joseph (Tombense), Mateusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Sampaio Corrêa), André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Ituano), Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã) e Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR).
O Athletico-PR foi o primeiro clube a tomar uma medida mais severa ao demitir Pedrinho e Bryan García nesta sexta-feira, 12. O lateral e o meio-campista, que ainda não são réus no caso, foram citados por apostadores nas conversas telefônicas e planilhas obtidas pelo MP.
No total, dez jogadores foram apartados das atividades cotidianas dos seus times: Vitor Mendes (Fluminense), Richard (Cruzeiro), Nino Paraiba (América-MG), Maurício (Internacional), Raphael Rodrigues (Avaí), Alef Manga e Jesus Trindade (Coritiba), Paulo Miranda (sem clube), Fernando Neto (São Bernardo) e Eduardo Bauermann (Santos).
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) prevê que jogadores condenados no esquema de apostas investigado pelo Ministério Público de Goiás poderão sofrer punições duras na esfera esportiva. O órgão projeta suspensão de até dois anos, multa de R$ 100 mil e até o banimento nas competições esportivas. O tribunal deve começar a tomar decisões na próxima semana sobre os jogadores denunciados pelo MP. Alguns poderão sofrer suspensão provisória, de 30 dias.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) descartou nesta quarta-feira, 10, a possibilidade de paralisação do Campeonato Brasileiro 2023. O STJD, por sua vez, enfatizou que "não há nenhuma hipótese de paralisação de qualquer competição ou anulação das partidas" porque não há indícios de participação dos clubes e das casas de apostas no esquema.
Fonte: Jovem Pan