O Brasil atingiu o menor nível de desigualdade social em 2022. É o que mostra o relatório divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quinta-feira 11.
Os dados referentes à desigualdade social no país são mensurados pelo IBGE por meio do indicador que recebe o nome de índice de Gini. De acordo com a metodologia, o índice caiu para 0,518 no ano passado — depois de fechar 2021 em 0,544. Quanto menor o valor, menor a desigualdade.
Com a queda, o índice de Gini no Brasil atingiu o menor nível da série histórica, que foi iniciada em 1976. Na ocasião, o indicador referente ao nível de desigualdade social no país era de 0,623, conforme registra o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Analista do IBGE, Alessandra Brito afirma que o índice referente à desigualdade no Brasil caiu em 2022, ano em que o país tinha Jair Bolsonaro como presidente da República, em decorrência, sobretudo, de dois fatores. Segundo explica, o mercado de trabalho foi aquecido com a abertura de vagas. Além disso, boa parcela da população foi beneficiada com o Auxílio Brasil.
"A entrada de quase 8 milhões de pessoas na população ocupada puxou a média de rendimento para baixo, mas aparentemente essas pessoas ingressaram no mercado de trabalho recebendo vencimentos com valores similares, o que resultou numa distribuição menos desigual", avalia Alessandra. "Além disso, o rendimento médio dos trabalhadores sem carteira e por conta própria aumentou no período, também contribuindo para essa queda no índice de desigualdade."
Apesar da queda da desigualdade ter sido registrada em 2022, último ano em que o Brasil teve Bolsonaro como presidente, a página de esquerda Choquei tentou dar o crédito a Lula pelo feito. Como resultado, o perfil foi denunciado no Twitter pela disseminação de fake news. A postagem foi excluída das redes na sequência.
De 2021 para 2022, o índice de Gini caiu — ou seja, a desigualdade social diminuiu — em todas as cinco regiões do país. Segundo os dados divulgados nesta semana pelo IBGE, o Sul fechou com o menor índice de Gini no ano passado: 0,458. O Nordeste, por sua vez, apresentou o indicador mais alto (0,517).
Apesar da queda, o IBGE ressalta que a diferença social no Brasil segue alta. Enquanto o rendimento médio domiciliar per capita do 1% da população mais rica do país foi, em 2022, de R$ 17.447, o dos 50% mais pobres foi de R$ 537 — diferença que chega a 38,4 vezes.
Base para o IBGE mensurar a desigualdade social no Brasil, o índice de Gini é disseminado mundo afora. Ele recebe esse nome porque o responsável por definir tal metodologia foi o matemático italiano Conrado Gini, conforme lembra o Ipea, que reforça: o indicador serve para analisar o "grau de concentração de renda em determinado grupo".
"Ele [índice de Gini] aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e os dos mais ricos", explica o Ipea. "Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam de zero a cem). O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um (ou cem) está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza. Na prática, o índice de Gini costuma comparar os 20% mais pobres com os 20% mais ricos." No Relatório de Desenvolvimento Humano 2004, elaborado pelo Pnud, o Brasil aparece com índice de 0,591, quase no final da lista de 127 países."
Fonte: Revista Oeste