Após a publicação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, membros da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teceram duras críticas à forma como as autoridades tem trabalhado a taxa de juros. Nesta terça-feira, 27, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que o órgão deu sinalizações distintas no comunicado e na ata, documentos publicados com seis dias de diferença. "A impressão que eu tenho é que o comunicado é feito por um órgão e a ata é feito por outro", afirmou. No texto da ata, que detalha mais profundamente a visão do comitê, o grupo indicou a possibilidade de uma baixa dos juros em breve. A mesma indicação não havia sido feita no comunicado. "Vem um comunicado hard e uma ata soft. Não dá para entender, por que estressar o Brasil, criar atritos desnecessários?", reclamou a ministra, acrescentando que "a ata reconhece que o Brasil está no caminho certo, que a equipe econômica está acertada", disse a ministra. Ela complementou que, enquanto senadora, sem dúvida convocaria presidente do BC para prestar esclarecimentos. "Mas não acredito que será necessário", avaliou.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, criticou diretamente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pelo patamar da Selic durante o lançamento do Plano Safra. "Qual sentido se faz manter taxas de juros de 13,75%? O que ele pensa dos empregos, o desenvolvimento dessa país? Quem aprovou o nome dele foi o Senado e nós temos que cobrar o posicionamento dele. O Brasil não pode ficar refém de uma pessoa que não tem compromisso com a geração de emprego, com o desenvolvimento econômico. É claro que tem que ter compromisso com o controle da inflação e todos nós temos", argumentou. O ministro afirmou que o governo tem feito um esforço para captar os recursos de forma responsável, mesmo com a alta dos juros.
O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso, afirmou na sexta-feira, 23, que irá apresentar requerimento de convocação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para prestar esclarecimentos na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado sobre a taxa de juros Selic. Na última quarta-feira, 21, o Copom, órgão vinculado ao BC, decidiu manter pela sétima vez consecutiva a Selic em 13,75%. Segundo Randolfe, a ideia é que Campos Neto explique "sobre as recentes decisões de política monetária adotadas pelo Banco Central". A decisão do Copom ganhou má repercussão entre os integrantes do governo. Da França, Lula criticou mais uma vez Campos Neto, dizendo que o presidente do BC "joga contra a economia brasileira". O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o país está "contratando um problema" futuro com a taxa de juros elevada. Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, também se pronunciou em entrevista coletiva convocada para criticar a manutenção da Selic. Ele disse haver grande impacto do ponto de vista fiscal, pois quase metade da dívida pública brasileira é "selicada". "Não há oposição do governo ao Banco Central nem ao Copom. Agora, a crítica é importante. Qualquer instituição pública pode ser criticada", disse.
Jovem Pan