Neste mês de junho, o Brasil teve uma deflação de 0,08%, conforme informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 11. Diante deste número, a inflação acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos 12 meses atingiu 3,16%. Uma queda acentuada em relação há um ano, que estava em 11,89%. Mesmo que a deflação não persista nos próximos meses no resultado do IPCA, esta queda em junho, de acordo com analistas ouvidos, pode contribuir para que tenha início o corte de juros a partir de agosto, data da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Na avaliação dos especialistas, apesar da expectativa de um setor do mercado financeiro de uma redução de 0,5 ponto percentual, o Banco Central deve promover um corte de 0,25 ponto percentual.
Para o operador de renda variável da Manchester Investimentos, Gabriel Mota, as expectativas do mercado estavam ancoradas em uma queda maior, prevista em 0,1%. Com a deflação menor em dois dígitos, ele acredita que na próxima reunião o Copom não vai abaixar em 0,5%, mas em 0,25%, e vai caindo gradativamente até chegar em 12% no fim do ano. "O mercado continua sugerindo através das curvas de juros e todo esse compilado de dados que vamos ter um corte de juros na próxima reunião, só que algumas expectativas do mercado estavam ancoradas no aperto mais forte nesta primeira reunião", disse à reportagem. O economista e sócio da Valor Investimentos, Gabriel Meira, acredita que a queda da Selic virá no momento certo, em um acerto das autoridades financeiras do país. "O trabalho do Banco Central foi muito bem feito, a deflação vem mostrando isso. Temos uma inflação reagindo positivamente, o que dá liberdade para, nas próximas reuniões, o Copom começar esse ciclo de corte na taxa de juros", resume.
Apesar do cenário positivo, a economista-chefe da principal Claritas, Marcela Rocha, faz uma ressalva e afirma que o Banco Central deve ter "cautela" e "parcimônia" na redução da taxa de juros, pois, segundo ela, o IPCA veio abaixo do esperado. "O principal ponto de atenção é para a inflação de serviços. Quando olhamos o índice de serviços no IPCA, ele marcou variação de 0,62%, acima da nossa projeção de 0,55%. O grupo de serviços subjacentes também veio acima da nossa expectativa: ele marcou uma variação de 0,67%, sendo que nosso número era de 0,53%. É verdade que esses números ainda apontam para a desaceleração nos últimos 12 meses, mas a surpresa em relação às expectativas e à aceleração para esses números em relação ao último mês, apontam cautela, mostrando que a desinflação dos núcleos não é linear e é muito mais lenta", afirma. "A inflação deve arrefecer, ser mais bem comportada do que imaginávamos, mas os números de serviço acima do esperado e acelerando em relação ao ultimo mês, indicam cautela na condução da política monetária", conclui Marcela Rocha.
Fonte: Jovem Pan