O resultado da mais recente pesquisa Datafolha com as intenções de voto para o governo do Estado de São Paulo foi celebrado pela campanha do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), mas não surpreendeu. Dirigentes do partido dizem que o desempenho do petista está dentro do esperado e veem margem para crescimento nas próximas semanas. Há uma razão objetiva para isso: no maior colégio eleitoral do país, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 44% das intenções de voto, de acordo com o instituto. O ex-gestor da capital, por sua vez, tem 38%. "Temos um espaço considerável para crescer", afirmou à reportagem o secretário nacional de comunicação do PT, Jilmar Tatto, um dos coordenadores da campanha de Haddad. A força de Lula como cabo eleitoral não é o único elemento citado por aliados de Haddad. O núcleo duro da campanha aposta nas figuras dos ex-governadores de São Paulo Geraldo Alckmin e Márcio França, ambos do PSB, para conquistar o voto de um eleitor que tradicionalmente não apoia o PT. Político que por mais tempo governou o Estado, Alckmin é visto como um trunfo, em especial, para aproximar o ex-prefeito da capital paulista do público conservador e evangélico.
A campanha de Haddad evita falar sobre o assunto publicamente, sob o argumento de que, na política, não se escolhe adversário. Porém, dirigentes do PT preferem disputar um eventual segundo turno com Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). Os petistas avaliam que o ex-ministro da Infraestrutura irá crescer nas pesquisas em razão do apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) à sua postulação. Nesse caso, a diferença entre o patamar de votos conquistados pelo mandatário do país em São Paulo (31%, também segundo o Datafolha) e seu apadrinhado (16%) também serve como argumento para justificar o potencial de crescimento do candidato do Republicanos nas próximas semanas. O entorno de Haddad vê a campanha do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), com ceticismo, porque o tucano tenta esconder seu aliado, o ex-governador João Doria (PSDB), que sofria com alta rejeição do eleitorado paulista. Ao deixar o Palácio dos Bandeirantes para tentar a eleição à Presidência, Doria tinha uma rejeição (36%) maior que a aprovação (23%) ao seu governo, segundo o Datafolha. "A relação com o Doria é uma bola de chumbo no pé do Garcia", resume Jilmar Tatto.
Há, ainda, outro fator citado pelos petistas para explicar a preferência pela presença de Tarcísio Gomes de Freitas no segundo turno. Diz um importante quadro do PT: "Aquele eleitor volátil do Rodrigo Garcia pode vir a ser simpático ao Haddad. Se o segundo turno for disputado contra o PSDB, não vislumbro a hipótese de os bolsonaristas votarem no nosso candidato". Em outras palavras: para o partido, repetir em São Paulo o cenário de disputa polarizada, que vai opor Lula, Bolsonaro e seus respectivos candidatos ao Palácio dos Bandeirantes, é um bom negócio.
Fonte: Jovem Pan