Vinda de coração de Dom Pedro I ao Brasil não tem vínculo político, afirma descendente

Deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança destaca a importância de resgatar o patrimônio histórico e cultural do país

Por Trago Verdades em 22/08/2022 às 10:21:34

Marina Ramos/Câmara dos Deputados

O coração de Dom Pedro I chega ao Brasil na manhã desta segunda-feira, 22, em função da comemoração do bicentenĂĄrio da IndependĂȘncia do Brasil em 2022. Para falar sobre o assunto, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), descendente do então regente. Segundo ele, a chegada do artefato não deve ser vista de forma polĂ­tica, mas como elemento importante na sinalização da importância do resgate e da manutenção da história e cultura brasileiras. "É muito especial esse dia, essa recepção. Vamos lembrar que isso é mais raro que passagem de cometa. Temos um evento histórico de mais de 200 anos, que se repete aqui uma vinda de uma relĂ­quia que, pelos padrões europeus, isso é muito tradicional, é muito normal ter a ossada e o coração separados e também preservados. E, claro, toda uma visitação e uma conjuntura cultural e histórica preservada dentro do paĂ­s. Agora, no contexto brasileiro, isso tudo infelizmente foi destruĂ­do. Nós perdemos um pouquinho a referĂȘncia dos fundadores do Brasil, o que eles representavam, o que eles pensavam, o que almejavam para o Brasil. E é muito importante estar resgatando isso. Imagino que agora seja o inĂ­cio de um bonito e grande resgate para a população brasileira", pontuou o deputado.

Questionado se haveria um paralelismo entre a vinda dos restos mortais de Dom Pedro I ao Brasil em 1972, durante a Ditadura Militar, para comemoração dos 150 anos da independĂȘncia, o deputado negou: "Eu não vejo da mesma maneira, porque a famĂ­lia não estava envolvida. E agora sim. Agora, foi um pedido nosso. Um pedido iniciado por um ativista que se comunicou com a Nise Yamaguchi, que se comunicou comigo, foi por aĂ­ o contexto. Não havia uma agenda polĂ­tica de trazer a ossada e o coração. Isso foi uma demanda de uma parcela da sociedade que quer ver um resgate histórico. E acho isso importante. Qualquer nuance de vĂ­nculo com uma agenda polĂ­tica estĂĄ completamente derrotada. Não foi isso. Foi uma motivação, uma abertura do próprio presidente, do Itamaraty, tenho muito a agradecer ao Itamaraty e ao presidente da RepĂșblica por estar reconhecendo a importância de fazer um movimento como esse. Não é todo paĂ­s que pode celebrar 200 anos de independĂȘncia. Não é todo paĂ­s que tem uma história como o Brasil. Somos Ășnicos, somos diferentes. E é exatamente isso que nos torna um paĂ­s de destaque. É isso que temos que preservar e valorizar", disse o descendente de Dom Pedro I.

De acordo com Luiz Philippe de Orleans e Bragança, hĂĄ formas de valorizar o patrimônio brasileiro e isso não vem sendo feito. "O nosso patrimônio histórico estĂĄ completamente esquecido. O Brasil, assim como o Afeganistão, é um dos paĂ­ses que menos usa o seu patrimônio histórico para promover turismo, consciĂȘncia de brasilidade, de fato uma cultura que tem uma raiz muito bonita. O que acontece quando vocĂȘ não respeita ou esquece do seu passado, das glórias e da beleza que existia da história do Brasil, vocĂȘ não tem futuro. É exatamente isso que a gente precisa recriar aqui no Brasil, uma confiança, uma sabedoria de que temos um patrimônio histórico muito importante, que isso vai ajudar a gente a construir o paĂ­s do futuro. Nem a RĂșssia, que passou por um perĂ­odo de quase todo o século 20 de Comunismo, nem a China, que passou também e ainda tem um modelo comunista praticamente, politicamente falando, eles destroem ou esquecem o patrimônio histórico como ocorre no Brasil. É um bom momento. Eu diria que é uma pedra fundadora em um bonito renascer da nossa cultura e história" afirmou.

O deputado ainda argumentou que seu antepassado tinha ideias à frente do seu tempo: "Dom Pedro I representava ideais liberais e constitucionais. Ele era uma personalidade de transição. Ele defendia com muito vigor a questão da constitucionalidade, de criar uma constituição para o Brasil, de ter poderes separados. Ele estava muito avançado na visão dele. Ele não era da visão tradicional, da monarquia tradicional. Ele era a personalidade de fazer a transição para um modelo constitucional. E ele não só fez isso no Brasil como, depois, quando foi para Portugal, fez a mesma coisa lĂĄ. Ele repetiu sua história duas vezes, só para reiterar o quanto ele era imbuĂ­do dessa ideologia e de sua missão de constitucionalizar os paĂ­ses ou, ao menos, os territórios em que ele estava".

Fonte: Jovem Pan

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