O depoimento na CPMI que complica governo: Ex-diretor da Abin acusou G.Dias de adulterar relatório

Saulo Cunha removeu o nome do ex-ministro do GSI do relatório a mando do próprio chefe que teria dito não ser o destinatário oficial dos alertas de segurança

Por Trago Verdades em 01/08/2023 às 13:24:40

Montagem fotos: Edilson Rodrigues/Agência Senado e Reuters/Adriano Machado

PolĂ­ticos de oposição e influenciadores digitais reagiram ao depoimento de Saulo Moura Cunha, diretor da AgĂȘncia Brasileira de InteligĂȘncia (Abin) do governo durante o 8 de janeiro, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro, nesta terça-feira, 1°. Trata-se de um dos mais graves da CPMI, até agora. O termo "CPMI" chegou aos trending topics do Twitter.

Durante seu depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, Saulo Moura Cunha, ex-diretor da AgĂȘncia Brasileira de InteligĂȘncia (Abin), admitiu que adulterou um relatório do órgão de inteligĂȘncia a pedido do então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias.

Inicialmente, Saulo disse que não adulterou nenhum documento, mas, depois explicou o pedido que G.Dias fez a ele.

Cunha, esclareceu: "Fiz os dois relatórios", disse. "Uma planilha que continha os alertas enviados pela Abin ao grupo de mensagem e todos os alertas que encaminhei do meu celular pessoal ao ministro Dias. Entreguei essa planilha ao ministro e ele pediu que tirasse o nome dele do documento, pois não era o destinatĂĄrio oficial daquelas mensagens. Obedeci à ordem dele."

A fraude seria para retirar dos documentos os registros de que o general Gonçalves Dias foi alertado por mensagens enviadas ao seu celular sobre os crescentes riscos de tumulto e de invasões na Praça dos TrĂȘs Poderes.

O que disse o general

Em depoimento à CPI do 8 de janeiro do Distrito Federal, contudo, o general negou a autoria da fraude e jogou a responsabilidade para o então responsĂĄvel da Abin.

"Não fraudei nenhum documento", disse o general Dias. "A Abin respondeu à solicitação do Congresso com um compilado de mensagens de aplicativo, em que tinha dia e tempo, na coluna do meio o acontecido e na Ășltima coluna a difusão. Esse documento tinha lĂĄ "ministro do GSI". Não participei de nenhum grupo de WhatsApp, eu não sou o difusor daquele compilado de mensagens. Então aquele documento não condizia com a realidade. Esse era um documento. Ele foi acertado e enviado."

Após ouvir a declaração de Saulo, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), disse que ele tem responsabilidade na adulteração do relatório, pois acatou o pedido de G.Dias.

CPMI do 8 de janeiro e governo

Logo depois da revelação, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) se pronunciou. "Confirmado pelo então Diretor da Abin fato grave na CPMI do 8 de janeiro: foram suprimidas informações, do relatório da Abin sobre alertas acerca do risco de invasões no 8 de janeiro, por ordem do ministro do GSI do Lula, G.Dias, antes dele ser enviado à comissão de inteligĂȘncia do Congresso", disse.


O senador Magno Malta (PL-ES) lembrou que o governo pôs sigilo a imagens do 8 de janeiro, reveladas posteriormente pela CNN Brasil.


O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) aproveitou o episódio para ironizar a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). "Eliziane perguntou se o ex-diretor da Abin fraudou o relatório e ele respondeu que o general do Lula — G. Dias — que pediu para ele adulterar", escreveu, no Twitter. "Pergunta mais, Eliziane. Camisa 10."


Também influenciadores digitais se manifestaram, nas redes sociais. "Isso se chama obstrução de justiça e ocultação de provas", constatou Leandro Ruschel.



Com informações da Revista Oeste

Fonte: Revista Oeste

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