PF cumpre ordem de Moraes e deflagra operação contra empresários por conversas em WhatsApp

Ministro continua ofensiva contra a liberdade de expressão

Por Trago Verdades em 23/08/2022 às 11:34:20

WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal cumpra oito mandados de busca e apreensão em endereços ligados a empresários acusados de defender, em mensagens encaminhadas em um grupo, um golpe de Estado, em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições 2022. As ações ocorrem no âmbito do inquérito policial em tramitação na Suprema Corte e os mandados são cumpridos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. Além das ações de buscas a determinação também inclui bloqueio das contas bancárias dos empresários, assim como dos perfis nas redes sociais, tomada de depoimentos e quebra de sigilo bancário dos investigados. Entre os empresários alvos está Luciano Hang, dono das lojas Havan e apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro. Nas redes sociais, ele afirmou que "foi tratado como um bandido" nesta segunda, durante ação de agentes federais. "Eu nunca falei sobre golpe, minha fala em determinado grupo de Whatsapp foi a seguinte: "Mais 4 anos de Bolsonaro, mais 8 de Tarcísio e aí não terá mais espaço para esses vagabundos'", escreveu no Twitter, reforçando que sempre defendeu a democracia e a liberdade de expressão. "Estou tranquilo porque não tenha nada a temer", acrescentou.

Além de Hang, outros sete empresários também são alvos da operação da Polícia Federal, sendo eles: Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, da Multiplan; José Koury, do shopping Barra World; Luiz André Tissot, do Sierra; Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii; Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa; e Afrânio Barreira Filho, do Grupo Coco Bambu. A defesa de Barreira Filho afirma que a operação policial é "fruto de perseguição política e denúncias falsas", sem qualquer fundamental. "A operação de hoje é fruto de perseguição política e denúncias falsas, as quais não tem nenhum fundamento. E que seu cliente, Afrânio Barreira, está absolutamente tranquilo e colaborando com a busca da verdade, a qual resultará rapidamente no arquivamento da investigação", disse Daniel Maia, advogado de Afrânio Barreira, em nota. A assessoria de imprensa da Tecnisa informou que não há manifestação da defesa de Meyer Nigri, até o momento. À Jovem Pan, a defesa de Ivan Wrobel disse que o cenário não mudou. "Ivan tem um histórico de vida completamente ligado à liberdade. Em 1968 foi convidado a se retirar do IME por ser contrário ao AI5. Nada na vida dele pode fazer crer que o posicionamento daquele momento tenha mudado. Colaboraremos com o que for preciso para demonstrar que as acusações contra ele não condizem com a realidade dos fatos", disse nesta segunda.


O conteúdo das mensagens trocados pelos investigados veio à público em 17 de agosto deste ano, com a publicação de uma reportagem do site Metrópoles. No texto, são relatados os principais temas abordados pelos participantes, como ataques sistemáticos à Suprema Corte e ao Tribunal Superior Eleitoral e a defesa de um golpe de Estado, em caso de vitória de Lula nas eleições de 2022. Entre as mensagens, há uma troca de mensagens entre os empresários, que teve início com declaração de José Koury, afirmando que preferia "golpe do que a volta do PT". "Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo", afirmou o dono do shopping Barra World. Na sequência, Marco Aurélio Raymundo disse que "golpe foi soltar o presidiário", em referência ao ex-presidente Lula, acrescentando que golpe é o STF "agir fora da Constituição, golpe é a velha mídia só falar merda". Outro a se manifestar foi Andre Tissot, do Sierra, ao sinalizar que o golpe de Estado deveria ter acontecido nos primeiros dias de governo, em 2019. "Teríamos outros 10 anos a mais", declarou.

Fonte: Jovem Pan

Tags:   Política
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