Em meio às notícias da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, o advogado Fábio Wajngarten, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), diz ter preocupação "zero" com as informações que o ex-ajudante de ordens da Presidência pode levar à Polícia Federal.
"Não há absolutamente nada que o tenente-coronel Cid possa delatar que se relacione com o presidente", disse Wajngarten.
Cid compareceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira 6, para ressaltar que pretende responder sempre a verdade sobre as perguntas que lhe forem endereçadas.
Na sexta-feira 8, ainda não havia informação de que Cid havia fechado acordo de delação premiada. "A defesa só teve acesso a quatro volumes dos processos", disse uma pessoa próxima ao militar. "Nem viram tudo ainda. Tem muita coisa sigilosa. Conforme o advogado, se houvesse delação, ninguém estaria sabendo. A investigação se desdobraria em umas 20 diligências sigilosas, que não é bem assim."
As declarações prestadas pelo militar só poderão ser usadas nos inquéritos em trâmite no STF. As apurações das quais o ex-ajudante de ordens é alvo são conduzidas pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes. Caberá ao ministro decidir se dá andamento na proposta de delação.
Mauro Cid: confissão versus delação
Uma delação implica o envolvimento de mais pessoas no caso. Desse modo, o tenente-coronel deveria delatar terceiros e indicar as provas para a polícia. Em troca, Cid teria alguns benefícios, como a diminuição da pena. Para que esse processo tenha sucesso, Cid teria de provar tudo o que delatou, indicando os caminhos para os investigadores.
Já a confissão envolve apenas as questões relacionadas a Cid. Nesse caso, o militar também pode ter a pena reduzida.
O ex-ajudante de ordens é investigado em diversas operações da Polícia Federal. Entre elas, uma que apura a suposta venda ilegal de joias e de outros objetos do acervo da Presidência da República na gestão Bolsonaro.
Logo depois de assumir o caso, o advogado de Cid, Cezar Bitencourt, indicou uma mudança na estratégia da defesa, referente a uma culpabilização de Bolsonaro no caso das joias e uma possível delação.
Depois, no entanto, o criminalista apresentou versões confusas sobre o caso.
Fonte: Revista Oeste