Luiz Inácio Lula da Silva usou o palanque instalado no centro do auditório da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, para promover a agenda esquerdista do governo brasileiro.
No discurso desta terça-feira, 19, na abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU, o petista também defendeu a ditadura cubana e atacou políticos de direita que emergiram recentemente e derrotaram candidatos de esquerda em eleições nacionais.
Em seu ataque à direita, Lula disse que o "neoliberalismo" teria "agravado a desigualdade econômica e política que hoje assola a democracia". O presidente afirmou também que esse mesmo "neoliberalismo" abriu caminho para o surgimento de "aventureiros de extrema direita".
"Muitos sucumbiram à tentação de substituir um neoliberalismo falido por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário", disse Lula.
As contradições do discurso de Lula na ONU
O discurso do presidente brasileiro vai de encontro ao Democracy Index de 2022, relatório do Grupo Economist que avalia o nível de políticas democráticas instaladas em todos os países do mundo.
No ano passado, por exemplo, estiveram entre os primeiros colocados a Noruega, a Nova Zelândia, a Islândia, a Suécia, a Finlândia, a Dinamarca, a Suíça, a Irlanda, a Holanda e Taiwan.
Essas nações têm em comum a liberdade de expressão, as eleições livres, a livre iniciativa pujante e as regras jurídicas simples - conjunto de valores distinto do verificado em países apoiados pelo governo petista, como Rússia, China e Cuba. Ao comentar a situação da ditadura cubana, Lula disse que condena o embargo econômico norte-americano imposto àquele país. O presidente brasileiro omitiu, no entanto, que uma das principais reivindicações dos guerrilheiros liderados por Fidel Castro, ainda na época da revolução cubana, era o rompimento das relações com os Estados Unidos.
Lula também promoveu as chamadas pautas "progressistas", como a igualdade de condições entre homens e mulheres.
"Inspirados na brasileira Bertha Lutz, pioneira na defesa da igualdade de gênero na Carta da ONU, aprovamos a lei que torna obrigatória a igualdade salarial entre mulheres e homens no exercício da mesma função", disse o presidente, semanas depois de demitir as ministras Daniela do Waguinho, do Turismo, e Ana Moser, do Esporte. As duas perderam espaço para os deputados federais Celso Sabino (União) e André Fufuca (PP), que pertencem a partidos do "centrão".
Lula também disse que o país retomou "uma robusta e renovada agenda amazônica, com ações de fiscalização e combate a crimes ambientais". Este último trecho chama atenção, visto que o governo petista lidera com folga o ranking de queimadas na Floresta Amazônica.
Entre 2003 e 2010, quando Lula esteve na Presidência da República, o Brasil registrou 2,4 milhões de focos de fogo. Na média mensal, os números ultrapassam a marca de 25 mil. Em 6 meses de 2023, as queimadas aumentaram na Amazônia e o desmatamento cresceu no Cerrado.
Fonte: Revista Oeste