O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) defendeu a utilização de plebiscitos como forma de governança ideal, para resolver possíveis impasses com o Parlamento brasileiro. Em sabatina no Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta quinta-feira, 25, ele afirmou que sua eleição, se confirmada, vai representar uma eleição de ideias, que serão discutidas em conjunto com a população, os Estados, municípios e os membros do Congresso Nacional, propondo um novo pacto federativo no país. "Se eu for eleito, começa a mudar assim, vou eleito eu e as minhas ideias. Portanto, um plebiscito que diminui muito a distância entre um presidente que quer reformar o país e um Congresso que não é propriamente corrupto, mas tem lá seu lado corrupto. (?) Quero mandar o que remanescer de impasse a plebiscitos populares. O Brasil não tem tradição [em fazer plebiscitos] porque nós somos uma democracia cleptocrata. Mas isso é o que a Europa faz diariamente, é o que os americanos diariamente. A democracia do século 21 não é mais uma democracia representativa stricto sensu", afirmou o ex-ministro, detalhando um dos principais eixos do seu modelo de governo.
Com uma chapa "puro sangue" à Presidência e esvaziada de alianças, Ciro Gomes foi questionado como pretende governar, na prática, para além dos plebiscitos. Neste sentido, ele defendeu a escolha de deputados do PDT nas eleições 2022, mas condicionou suas negociações a governadores e prefeitos, que serão os verdadeiros responsáveis pela "mediação" com os deputados. "Governadores e prefeitos têm mais influência democrática, legítima, sobre os deputados do que os lobbies de pressão, corruptos, que a política brasileira hoje dá centralidade", afirmou o ex-governador, que criticou a forma atual de negociações e busca de apoio político. "Negociando em gabinete, trocando emenda, deixando roubar 40% e eu virar testa de ferro de ladrão? Elejam o Lula. Elejam o Bolsonaro. Eu quero mudar o Brasil e quero que o povo me ajude a mudar, senão eu não quero ser presidente", acrescentou o ministro, que teceu outras críticas aos seus principais adversários à Presidência, afirmando que o ex-presidente e o Partido dos Trabalhadores são responsáveis pela maior crise econômica do Brasil, enquanto o atual chefe do Executivo não vem de um campo democrático. "Ao votar o impeachment de Dilma, ele homenageou um torturador", disse o ex-colega de Jair Bolsonaro.
Outro alicerce de Ciro Gomes para o Brasil é a aprovação de uma ampla reforma tributária e fiscal nos seis primeiros meses de 2023, considerado o caminho ideal para a economia do Brasil. Na entrevista, ele mencionou que a história indica que, se proposta no primeiro semestre da nova gestão, as mudanças devem prosperar. "Estou propondo concretamente um novo modelo previdenciário, novo modelo tributário, novo modelo de educação pública, uma política de rendas, de proteção e erradicação da pobreza, dizer de onde vem o dinheiro, a categoria que vai pagar imposto, se as pessoas votarem em mim, vão votar em mim e nas minhas ideias", defendeu. As propostas de mudanças na tributação incluem, por exemplo, a taxação de grandes fortunas, voltada para contribuintes com renda acima de R$ 20 milhões; redução dos incentivos fiscais em 20% no primeiro ano; recriação do imposto sobre lucro e dividendos distribuídos; redução dos tributos sobre produção e consumo e elevação sobre a renda; unificação de impostos e a conclusão da reforma da Previdência, uma vez que ele considera o sistema atual inviável. "É uma espécie de contrato entre a geração jovem e idosa. Quando começou a quebrar esse contrato, a população jovem, a força de trabalho, não acreditou mais", defendeu. O candidato à Presidência também defende a revisão da política de preços da Petrobras, e propõe a criação de 5 milhões de empregos nos dois primeiros anos de governo e o fim do Orçamento Secreto no primeiro dia de governo.
Fonte: Jovem Pan