Corrida pela Prefeitura de SP começa mesmo antes da campanha

Com Nunes, Boulos e Tabata no páreo, políticos veem ainda Ricardo Salles, Kim Kataguiri e Maria Helena buscando espaço na briga

Por Trago Verdades em 11/11/2023 às 21:55:28

Faltando menos de um ano para as eleições municipais de 2024, a corrida pela Prefeitura de São Paulo começa a esquentar nos bastidores dos partidos políticos. Entre os nomes que tem a intenção de concorrer no pleito, estão o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB), Kim Kataguiri (União Brasil), Ricardo Salles (PL) e a economista Marina Helena (Novo). Esta é a primeira vez na história que o Partido dos Trabalhadores não lança candidato próprio. A legenda manifestou apoio a Boulos e deve indicar o vice na chapa psolista. No levantamento feito em setembro pelo Instituto Paraná Pesquisas, o candidato do PSOL aparece numericamente na liderança, mas há um cenário de empate técnico com o atual prefeito.

Na pesquisa estimulada, quando o entrevistado tem acesso aos possíveis nomes da eleição, Boulos tem 35,1% das intenções de voto, contra 29% do atual mandatário da cidade. Ambos estariam tecnicamente empatados no limite da margem de erro, que é de 3,1 pontos percentuais. Em terceiro está Tabata Amaral, com 7,5%, seguida por Kim Kataguiri, que aparece com 5,3%. Em um segundo cenário estimulado, Boulos lidera com 35,8%, ante 31,1% de Nunes e 8,3% de Tabata. O primeiro turno das eleições municipais será realizado em 6 de outubro de 2024. O segundo turno, caso necessário, deve acontecer em 27 de outubro. Confira abaixo perfil dos pré-candidatos e suas primeiras movimentações na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Ricardo Nunes (MDB)


Ricardo Nunes (MDB) é o atual prefeito de São Paulo

Atual prefeito do município de São Paulo, Ricardo Nunes, assumiu o cargo em 2021 após o falecimento de Bruno Covas (PSDB), vencedor das eleições de 2020. Nascido na capital paulista, o empresário no ramo de controle de pragas já foi presidente da Associação Empresarial da Região Sul (AESUL) e eleito vereador de São Paulo em 2012 e 2016. O mandatário tem negociado uma ampla aliança junto com os partidos que compuseram a coligação do PSDB em 2022 para viabilizar sua candidatura à reeleição. Entre os principais apoios, estão o do Republicanos, partido do atual governador paulista, Tarcísio de Freitas, e do Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar de ainda não ter oficializado aliança com o emedebista, Tarcísio já afirmou que trabalhar com o prefeito de São Paulo foi um "presente" que recebeu.

Apesar das negociações, Nunes enfrenta certa desconfiança da base bolsonarista, que gostaria de um candidato diretamente ligado ao ex-presidente. No entanto, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, encabeça a proposta de apoio da direita à reeleição de Nunes como alternativa única. Em sua avaliação, a cidade de São Paulo não vai eleger um "radical" – por isso, segundo o raciocínio pragmático do líder partidário, o ideal é apostar em um nome de centro-direita, como é o caso de Nunes. Progressistas e Solidariedade também já manifestaram apoio à reeleição do atual prefeito. Nesta semana, o prefeito tem se defendido de ataques de seus adversários diretos na corrida à Prefeitura, que criticam sua atuação no apagão ocorrido em São Paulo. "Só lamento esse tipo de comportamento, a população sofrendo e as pessoas querendo fazer palanque", declarou o prefeito em entrevista à Jovem Pan News.

Guilherme Boulos (PSOL)

Guilherme Boulos

Guilherme Boulos é deputado federal por São Paulo e pré-candidato à Prefeitura da capital paulista

Reconhecido como um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), em 2022, Guilherme Boulos foi o deputado federal mais votado do Estado de São Paulo, com mais de 1 milhão de votos. Formado em filosofia pela USP (Universidade de São Paulo) e mestre em psiquiatria pela Faculdade de Medicina da USP, ele já foi candidato à presidência da República, em 2018, e candidato à Prefeitura de São Paulo em 2022, quando perdeu a disputa para Bruno Covas no segundo turno. Para o pleito de 2024, o psolista conta com o apoio total do Partido dos Trabalhadores e, consequentemente, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve fazer aparições lado a lado com o deputado mesmo antes da campanha. A estratégia é aproximá-lo de figuras consideradas mais resistentes ao pré-candidato, como empresários. Ainda assim, o candidato do PSOL afirma que não participa das tratativas sobre o nome escolhido para ser vice na chapa e que caberá aos petistas decidir.

"Tem grandes nomes colocados que podem ocupar esse papel de companheiro ou companheira de chapa. Mas nós decidimos em conjunto entre os partidos que estão compondo a nossa frente, já são cinco partidos, PSOL, PT, PC do B, Rede e PV, que essa definição só vai ser tomada em 2024", disse Boulos em outubro. Nos bastidores, são cogitados os nomes da vereadora Juliana Cardoso, do deputado estadual Eduardo Suplicy e de Ana Estela Haddad, esposa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como possíveis indicações para compor a chapa. Boulos também conta com os apoios de PC do B, PV e Rede Sustentabilidade. Antes mesmo da campanha, o deputado tem disparado críticas contra o atual prefeito, o qual chamou de "rei do camarote", após o mandatário ter cumprido agenda no GP Brasil de Fórmula 1, no Autódromo de Interlagos, durante a ocorrência de falta de energia na cidade.

Tabata Amaral (PSB)

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Tabata Amaral (PSB) é deputada federal e pretende disputar a Prefeitura de São Paulo pela primeira vez em 2024

Deputada federal em seu segundo mandato pelo Estado de São Paulo, Tabata Amaral é formada em ciência política e astrofísica em Harvard e ativista pela educação. A paulistana iniciou sua carreira na política no PDT, onde teve Ciro Gomes como padrinho político. No entanto, em maio de 2021, a parlamentar se desfiliou do partido e ingressou no PSB, onde foi reeleita em 2022. Co-fundadora do Movimento Mapa Educação e do Movimento Acredito, Tabata é pré-candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB. A deputada também foi sondada por uma ala do PSDB para ser a cabeça de chapa da legenda tucana nas eleições de 2024. A ideia, com isso, seria que a sigla lançasse um candidato próprio forte e não apoiasse a tentativa de reeleição do atual prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes. No entanto, o presidente do diretório municipal do PSDB, Fernando Alfredo, defende o apoio à candidatura de Nunes, acordo costurado quando Bruno Covas, falecido em 2021, concorreu e ganhou a eleição em 2020.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) declarou seu apoio à companheira partido, a qual classifica como "a novidade e a verdadeira mudança". Em evento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), ele afirmou que seu partido pode "mudar a vida da população de São Paulo" com a candidatura de Tabata. O aceno indica que Lula e Alckmin, apesar de presidente e vice-presidente da República, devem ficar de lados opostos na disputa municipal. Nesta semana, a deputada também disparou críticas contra o atual prefeito por sua atuação no apagão que atingiu São Paulo. "Na cidade que não dorme, o prefeito vem dormindo no ponto há quase quatro anos e nada está acontecendo", afirmou.

Kim Kataguiri (União Brasil)

O deputado federal Kim Kataguiri

Kim Kataguiri pode disputar a Prefeitura de São Paulo pelo União Brasil

O deputado federal Kim Kataguiri despontou na política como um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), o qual é co-fundador e esteve à frente dos movimentos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Nas eleições de 2018, foi eleito como deputado federal por São Paulo pelo Democratas e, em 2022, foi reeleito pelo União Brasil. A pré-candidatura às eleições municipais de São Paulo em 2024 ganhou força no último mês de outubro. O partido ainda não anunciou oficialmente apoio ao deputado federal para o pleito, mas Kataguiri tem colecionado apoios de peças chaves da legenda, como o vice-presidente Antônio Rueda e os senadores Sergio Moro (PR) e Efraim Filho (PB), que concentram elogios com a possibilidade do político entrar na concorrência paulistana.

De olho em 2024, o deputado federal também tem disparado contra o atual prefeito e protocolou, no mês passado, uma representação no Ministério Público de São Paulo (MPSP) sobre a denúncia de que a Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Nunes, firmou nove contratos de emergência sem licitação entre os anos de 2021 e 2023 com a empresa DPT Engenharia e Arquitetura. A companhia tem como proprietária uma família próxima ao chefe do executivo municipal. No total, os acordos assinados entre as duas partes somam R$ 43 milhões, segundo informações divulgadas nos portais da prefeitura e do Tribunal de Contas do Município (TCM).

Marina Helena (Novo)

Marina Helena Santos

Economista Marina Helena é a aposta do novo para as eleições municipais em São Paulo

Marina Helena é economista com mestrado pela UNB (Universidade de Brasília) e construiu sua carreira dentro do mercado financeiro, onde trabalhou por 14 anos em diversas instituições como Itaú, Bradesco e Bozano Investimentos. Em 2022, obteve 50.073 votos para deputada federal e se tornou 1ª suplente por São Paulo. Ex-dirigente nacional do Partido Novo, Marina foi diretora de Desestatização do Ministério da Economia na gestão do ministro Paulo Guedes. A economista já foi CEO do Instituto Millenium e fundadora do movimento Brasil Sem Privilégios. Em outubro, ela foi anunciada pelo Novo como pré-candidata a prefeita de São Paulo, desbancando Vinícius Poit, ex-deputado federal e último candidato da legenda ao governo de São Paulo, que também era cotado nos bastidores para ser o cabeça de chapa.

Ricardo Salles (PL)

Ministro discursa em evento

Deputado Ricardo Salles tenta emplacar sua candidatura à Prefeitura de São Paulo

Na ausência do apoio oficial do Partido Liberal (PL) à reeleição de Ricardo Nunes, nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro despontaram nos bastidores como opções caso a legenda decida por lançar um candidato próprio. Entre os cotados, o deputado federal Ricardo Salles tem se colocado como candidato, apesar da reprovação dde Valdemar Costa Neto. Salles se apresentou como pré-candidato à Prefeitura no começo de 2023, mas desistiu em junho devido a conflitos dentro do PL. O imbróglio resultou em um acordo costurado dentro do PL para que Valdemar dê uma carta de anuência para o deputado federal se desfiliar da legenda sem perder seu mandato. A informação foi confirmada pelo parlamentar.

O acordo foi costurado por intermédio de Bolsonaro, que é presidente de honra do partido e entusiasta da candidatura de Salles à Prefeitura. A dispensa formal é necessária em virtude da Lei de Fidelidade Partidária. O ex-ministro do Meio Ambiente afirmou que a proposta é que Valdemar facilite a desfiliação do deputado no "momento oportuno". A formalização, no entanto, deve ocorrer apenas quando Ricardo escolher o novo partido – o que não tem data para acontecer. Formado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Salles ingressou na política em 2006 como candidato a deputado federal por São Paulo, mas não conseguiu se eleger. Em 2010, tentou se eleger como deputado estadual pelo Democratas, também sem sucesso. Entre 2016 e 2017, foi Secretário do Meio Ambiente do governo de São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin e posteriormente ministro do Meio Ambiente na gestão Bolsonaro.

Fonte: Jovem Pan

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