A Petrobras foi questionada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a suposta decisão de fechar negócio com a estatal de petróleo de Abu Dhabi, Adnoc, na compra de parte da petroquímica Braskem. A oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rejeita a parceria com a estatal estrangeira e avalia como uma tentativa de reestatizar o setor petroquímico. A Petrobras já conta com cerca de 36% das ações da Braskem, mas a maior parte, de 38%, é da Novonor (antiga Odebrecht), que está em recuperação judicial e com cerca de R$ 15 bilhões em dívidas. A estatal árabe fez uma oferta de R$ 10,5 bilhões pela fatia da Novonor, que continuaria com 3% das ações. A parte negociada está na mão de bancos credores e a Petrobras tem preferência na transação de venda. Na noite da última da última sexta-feira, 10, a companhia brasileira precisou enviar um comunicado ao mercado para esclarecer que não fechou acordo com a Adnoc, após ser questionada pela CVM sobre rumores de reuniões com diretores da estatal árabe. No ofício, a Petrobras declara que, até o momento, não houve qualquer decisão da diretoria executiva ou do Conselho de Administração sobre a oferta da petroleira de Abu Dhabi, que decisões como esta são pautadas em análises criteriosas e estudos técnicos e reforçou seu compromisso com a ampla transparência.
A venda das ações da Novonor permitiria à Petrobras voltar a investir no setor petroquímico e a possível parceria com a estatal árabe no comando da Braskem tem sido criticada no meio político. Nas redes sociais, o senador Ciro Nogueira (PP) declarou que o governo quer o controle da Braskem: "Reestatizar colocando a Petrobras como sócia de outra estatal, dos Emirados Árabes. Reestatizar uma empresa que fatura R$ 80 bilhões por ano é aumentar o tamanho do Estado, criar milhares de novos cargos para a companheirada e colocar nas mãos de agentes públicos bilhões e bilhões. Já deu errado antes. E vai se repetir? Não pode ser!". Há outras duas empresas interessadas na Braskem, a JIF, dos irmãos Batista, e a Unipar, segunda maior petroquímica do país. O governo tem a intenção de finalizar as negociações em fevereiro de 2024. Em paralelo, o Senado espera a instalação da CPI da Braskem para apurar omissões na reparação aos atingidos pela tragédia de 2018, em Maceió. A empresa é acusada de provocar o afundamento do solo na região após anos de extração de sal-gema. Cerca de 60 mil pessoas foram afetadas.
Fonte: Jovem Pan