Descaso, perseguição e omissão: a vítima de um judiciário caro e injusto

Preso por dez meses, Cleriston Pereira da Cunha morreu desamparado pelo Estado

Por Trago Verdades em 26/11/2023 às 15:12:21

Aos 45 anos de idade e com duas filhas, Cleriston morreu no pátio da Papuda | Foto: Reprodução/Redes sociais

Cleriston Pereira da Cunha é uma vĂ­tima do Estado. Da ação e da omissão perfeita da Justiça. Mais precisamente, da ação e da omissão pérfida de um homem: Alexandre de Moraes. A ação: um homem preso por dez meses por tempo indeterminado por ter entrado na praça dos trĂȘs poderes no fatĂ­dico oito de janeiro.
Morto sem julgamento, dentro da cadeia, vĂ­tima das inĂșmeras comorbidades que o assolavam. A omissão: o senhor Alexandre sabia das doenças de Cleriston, sabia de seu estado. A PGR tinha recomendado sua soltura, em vista de seu estado de saĂșde e a imprecisão da acusação.
O senhor Alexandre nada fez. Deixou Cleriston morrer à mĂ­ngua, desamparado pela Justiça que devia zelar por sua integridade fĂ­sica e zelar por um processo justo. Cleriston não teve nada disto.
No Brasil, traficantes, estupradores, assassinos tĂȘm todos os direitos garantidos por lei. Com dinheiro e bons advogados, nenhum permanece por muito tempo na cadeia.
Com dinheiro e bons advogados, passam anos a fio pelas quatro instâncias de julgamento previstas por lei. Com dinheiro e bons advogados, são na maior parte das vezes absolvidos, e quando condenados, tĂȘm suas penas reduzidas por inĂșmeras facilidades dadas por uma justiça complacente com os criminosos por razões humanitĂĄrias, dizem os juĂ­zes progressistas. Cleriston não teve direito a nenhuma humanidade. Não matou, não estuprou, não roubou, não torturou ninguém.
Estava simplesmente na hora e no lugar errado. Por isso, foi submetido à tortura de, como homem doente, ficar um ano na cadeia até sua morte. Não era um criminoso. Das quatro instâncias, pulou para a Ășltima, condenado sumariamente pelo descaso e indiferença do juiz que deveria avaliar seu caso, pelo juiz que não avalia nenhum caso em especĂ­fico, mas trata como gado toda pessoa que esteve perto do palĂĄcio dos trĂȘs poderes naquela data de oito de janeiro.
Cleriston, que não era criminoso, entrou no palĂĄcio onde criminosos reais são recebidos, desde o ditador assassino NicolĂĄs Maduro à esposa condenada de um traficante e assassino condenado, até chegar ao próprio presidente da RepĂșblica - presidiĂĄrio condenado por corrupção, tirado da cadeia e guiado à presidĂȘncia pelo mesmo tribunal que condenou Cleriston à morte por indiferença e omissão.
Horas após o anĂșncio da morte de Cleriston, o homem acusado de omissão pela sua morte — Alexandre de Moraes — é homenageado pelo presidente presidiĂĄrio que foi descondenado por este mesmo homem que condenou Cleriston à morte pelo silĂȘncio, omissão e inação.
Um prĂȘmio diz mais de quem o oferece que quem o recebe. Lula premiou Alexandre, o juiz carrasco que tem prendido, calado, torturado, censurado e arruinado todo aquele que se coloca na oposição de seu governo — a quem o próprio juiz carrasco chama de "extrema direita".
No caso, premiador e premiado se casam perfeitamente - especialmente na cerimônia macabra cheia de sorrisos alegres sobre o enterro ignorado de Cleriston Pereira da Cunha, velado perto do lugar onde não deveria ter entrado e onde no mesmo momento celebravam a perseguição travestida de luta pela democracia. LĂĄ, também premiados, os ministros da Justiça e de Direitos Humanos, que recebem e custeiam viagens da dama do trĂĄfico; lĂĄ a ministra da igualdade racial premiada, que cria crimes de racismo onde não existem; lĂĄ premiada a primeira-dama Janja, que tece loas a uma ditadura assassina e compara vĂ­timas de terroristas aos próprios terroristas assassinos.
Do outro lado de BrasĂ­lia, do lado esquecido do Brasil, Cleriston era enterrado, sem prĂȘmio, vĂ­tima de um crime de estado que enterrou sua vida e enterrou a justiça e a democracia no Brasil.

Com informações da Revista Oeste

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