O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu a jornalistas que parem de persegui-lo, durante coletiva de imprensa em São Paulo, nesta segunda-feira, 25. O ex-chefe do Executivo foi interpelado por repórteres sobre sua estadia na Embaixada da Hungria em Brasília, em fevereiro deste ano, depois que seu passaporte foi apreendido pela Polícia Federal (PF).
"Chega de perseguir, meu Deus do céu", disse Bolsonaro. "Dê um pouco de paz para mim. Veja o que fiz de bem no Brasil."
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes mandou Bolsonaro explicar por que dormiu dois dias na embaixada. A visita foi revelada por uma reportagem do jornal The New York Times, publicada nesta segunda-feira.
Ao portal Metrópoles, Bolsonaro disse que mantém "um círculo de amizade com alguns chefes de Estado pelo mundo". Nesta segunda-feira, o ex-presidente participou de um evento em que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu o título de cidadã paulistana no Theatro Municipal, em São Paulo. Ele aproveitou para falar com jornalistas depois da cerimônia.
"Não há crime nenhum nisso", afirmou Bolsonaro, referindo-se ao fato de dormir na embaixada. "Porventura, dormir na embaixada, conversar com o embaixador, tem algum crime nisso? Quer perguntar da baleia? Vamos falar do negócio da Marielle Franco? Passei seis anos sendo acusado de ter matado a Marielle Franco."
Bolsonaro se referiu ao caso em que é investigado por importunação de uma baleia no litoral paulista e também às prisões de três suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco (Psol).
"Vamos falar dos móveis do Palácio da Alvorada, que fui acusado de ter desviado 261 móveis", disse o ex-presidente.
Bolsonaro aproveitou para dizer algumas ações de seu governo, como a criação do Pix e a conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco, na Região Nordeste.
Bolsonaro dorme na Embaixada da Hungria
Bolsonaro chegou à Embaixada da Hungria em 12 de fevereiro. Ele dormiu no local por dois dias e foi embora em 14 de fevereiro. O ex-presidente foi gravado por câmeras de segurança, que foram divulgadas pelo New York Times.
O político tem uma relação de proximidade com o primeiro-ministro da Hugria, Viktor Orbán, que representa a direita no país. A estadia de Bolsonaro aconteceu quatro dias depois que a PF deflagrou a Operação Tempus Veritatis, para investigar uma suposta organização criminosa em uma tentativa de golpe de Estado.
A corporação teve como alvo pessoas próximas de Bolsonaro. Em 8 de fevereiro, dia da deflagração da operação, o passaporte do ex-presidente foi apreendido. De acordo com o jornal norte-americano, a estadia de Bolsonaro na embaixada seria uma possível tentativa de escapar da Justiça brasileira.
A Embaixada da Hungria no Brasil, assim como todas as embaixadas, não possuí jurisdição brasileira e são invioláveis. Nesse caso, Bolsonaro não poderia ser preso dentro do local, caso surgisse uma ordem de prisão.
A defesa de Bolsonaro rebateu a hipótese levantada pelo New York Times. Em nota, os advogados afirmaram que é de conhecimento público que o ex-presidente mantém um bom relacionamento com o premier húngaro.
"Nos dias em que esteve hospedado na embaixada, a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo, atualizando os cenários políticos das duas nações", informou a defesa de Bolsonaro. "Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional."
Revista Oeste