Polícia Civil da Bahia blindou Rui Costa em apuração de fraude, acusa delatora

Cristina Preste Taddeo é proprietária da empresa que não entregou os equipamentos ao governo baiano

Por Trago Verdades em 04/04/2024 às 19:35:00

Lula e Rui Costa | Foto: Sérgio Lima/Poder 360

A empresária Cristina Preste Taddeo, delatora do esquema de respiradores na Bahia, acusou a Polícia Civil do Estado de blindar o então governador, Rui Costa (PT), nesta quarta-feira, 3.

Atualmente, Rui Costa é ministro da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A empresária prestou depoimento sobre as fraudes no contrato de R$ 48 milhões para a compra de respiradores.

A Polícia Civil abriu o inquérito por determinação de Rui Costa, quando este governava o Estado. Os equipamentos nunca foram entregues pela empresa contratada, da qual Cristina Taddeo é proprietária. Esse é um dos argumentos apresentados pela defesa do ex-governador. Ele nega o envolvimento com o prejuízo para a Bahia.

De acordo com o site UOL, Cristina disse, durante a delação à Polícia Federal (PF), que os delegados que estavam à frente da investigação não quiseram transcrever as citações ao nome do governador nos termos de depoimento.

O governo da Bahia contratou a empresa Hempcare, alvo da investigação, para entregar respiradores durante a pandemia da covid-19. A companhia recebeu os recursos na ordem de R$ 48 milhões, mas não entregou os equipamentos. A proprietária da empresa citou Costa em seu depoimento "três ou quatro vezes".

"Todas as vezes que mencionei o governador Rui Costa, os delegados que estavam me entrevistando minimizaram a sua participação, dizendo que ele não tinha nenhuma culpa", disse Cristina, durante a delação premiada. "Essas respostas se repetiram, e, em algumas oportunidades, de forma agressiva. Então, percebi que eles estavam protegendo o governador."

A empresária chegou a ser presa por cinco dias em junho de 2020. Na ocasião, ela depôs à Polícia Civil da Bahia. Segundo Cristina, a então delegada-geral-adjunta da corporação, Ana Carolina Rezende, acompanhou os depoimentos e era a mais enfática na proteção do governador.

Ela afirmou ter tido acesso aos documentos com os termos transcritos de seus depoimentos prestados à Polícia Civil. Nos arquivos, não foi citado o nome do governador, diferentemente do que realmente aconteceu na delação.

"Depois que fui solta e li os termos dos meus depoimentos que foram juntados ao inquérito, verifiquei que eles não traduzem na integralidade os fatos que narrei nos meus depoimentos", disse Cristina, em delação à PF. "Citei o nome do governador Rui Costa por volta de três, quatro vezes ao tratar sobre o contrato celebrado com o Consórcio Nordeste, principalmente sobre quem assinou o contrato, mas seu nome não constou nenhuma vez nos termos que foram juntados aos autos."

Empresária também acusou a mulher de Rui Costa

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Rui Costa e mulher, Aline Peixoto | Foto: Secom/Governo da Bahia

Cristina também acusou a então primeira-dama da Bahia, Aline Peixoto, de ter participado do esquema durante o depoimento, mas o nome da mulher do governador não apareceu nos autos. "Inclusive, destaquei que Cléber Isaac se apresentou como muito amigo dela, e os delegados fizeram perguntas a respeito, mas não há nada disso nos termos de depoimento juntados", disse.

Em nota divulgada para a imprensa, nesta quarta-feira, Costa negou ter relação com irregularidades no contrato. Ele afirmou nunca ter tratado com intermediários sobre a compra dos respiradores e que "a condição vigente naquele momento" de pandemia era o pagamento adiantado dos contratos.

Costa também disse que trabalhou "incansavelmente para minimizar a perda de vidas humanas durante a pandemia da covid-19" e que determinou a abertura de investigação sobre o caso dos respiradores.

"Desejo que a investigação seja concluída e que os responsáveis sejam punidos por seus crimes", afirmou Costa. "Não só do desvio do dinheiro público, mas também do crime absolutamente cruel de impedir, através de um roubo, que vidas humanas fossem salvas."



Fonte: Revista Oeste

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