O contador João Muniz Leite e sua mulher, Aleksandra Silveira Andriani, além das empresas do casal, movimentaram R$ 525 milhões entre 2020 e 2021. Muniz ficou conhecido como "Contador de Lulinha" por trabalhar para FĂĄbio LuĂs Lula da Silva, filho do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Apesar da movimentação milionĂĄria, Muniz declarou um salĂĄrio de R$ 26 mil. A descoberta surgiu com base nas investigações da Operação Fim da Linha.
A PolĂcia Federal (PF) iniciou as buscas em 20 de janeiro de 2022. Em junho daquele ano, o delegado FlĂĄvio Vieitez Reis desistiu das buscas e do sequestro de bens dos acusados e pediu que o inquérito fosse enviado à PolĂcia Civil.
As movimentações financeiras do contador de Lulinha
Eram trĂȘs os alvos citados na portaria que instaurou o Inquérito n° 020/2022: o Contador de Lulinha, Aleksandra Andriani e Mayra MarcĂlio Daher.
As investigações da PF revelaram que as empresas ligadas ao casal movimentaram cerca de R$ 360 milhões no perĂodo. Em termos de pessoas fĂsicas, Muniz e sua mulher movimentaram, respectivamente, R$ 137 milhões e R$ 29 milhões.
O fato que iniciou a investigação foi o prĂȘmio de R$ 40 milhões do concurso 2.363 da Mega Sena. Um dos ganhadores do bolão vencedor foi o traficante de drogas Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta.
A aposta foi feita em uma casa lotérica em Pinheiros, na zona oeste. Cara Preta fora assassinado em 27 de dezembro de 2021, em uma emboscada na zona leste de São Paulo.
A suspeita do delegado era que Muniz estivesse por trĂĄs das empresas em nome de Mayra, para onde Cara Preta transferiu os valores do prĂȘmio de loteria — o contador ficou com duas cotas do bolão e o traficante com trĂȘs.
A PF encontrou depósitos que somavam R$ 2 milhões para casas lotéricas, sem justificativa, feitos por empresas do nĂșcleo familiar de Muniz.
Operação Fim da Linha
Deflagrada em 9 de abril, a operação mirou o sistema de transporte de São Paulo pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Empresas como UPBus e Tranwolff tornaram-se alvo, suspeitas de lavar dinheiro do trĂĄfico de drogas. A UPBus tinha Cara Preta como acionista.
O delegado da PF relatou a recorrĂȘncia de depósitos e saques fragmentados, o que indica a tentativa de acobertar o valor final das transações financeiras. Além disso, o delegado sugeriu crimes ligados à lavagem de dinheiro.
Relações com outros investigados
Além de Cara Preta e das movimentações financeiras que vinham do prĂȘmio da loteria do traficante por empresas de Mayra MarcĂlio Daher, em que Muniz era contador, outros suspeitos surgiram.
Um deles, Caio Bernasconi, ligado ao trĂĄfico de drogas, e Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, preso em 2019. As empresas desses Ășltimos suspeitos também tiveram transações com as de Muniz.
PrĂȘmios de loteria
Os analistas da PF detectaram que o casal ganhou 640 vezes na loteria. Aleksandra levou o prĂȘmio 462 vezes e Muniz, 178. Investigações sugerem que os prĂȘmios foram usados para lavagem de dinheiro.
A Operação Ataraxia, do Denarc, também mirou Muniz e atingiu a empresa UPBus. O contador foi alvo dessa operação e negou todas as acusações. Muniz alegou não saber que Cara Preta era traficante, pois este se apresentava com nome falso, no caso, o de Eduardo Camargo de Oliveira. No entanto, Muniz confirmou ter trabalhado para Santa Fausta.
A PolĂcia Civil deve concluir o inquérito sobre Muniz em breve. O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) e a PolĂcia Civil ainda apuram o tamanho da participação de Muniz no caso.
Fonte: Revista Oeste