Fim da farsa: filho de Alexandre de Moraes foi quem agrediu empresário em aeroporto

Laudo foi solicitado pela defesa a um técnico independente, que analisou imagens no STF na presença do advogado da família e auxiliares de Moraes

Por Trago Verdades em 26/08/2024 às 19:38:49

Foto: Reprodução Redes Sociais

Um laudo técnico sobre as imagens do Aeroporto de Roma constatou que Alexandre Barci, filho do ministro Alexandre de Moraes, deu um "tapa na nuca" do empresĂĄrio Roberto Mantovani, em 14 de julho de 2023. A anĂĄlise é uma reviravolta no caso que se arrasta hĂĄ um ano.

Elaborado pelo professor Ricardo Molina de Figueiredo, o documento é referente à confusão entre Moraes, Barci e a famĂ­lia Mantovani. Figueiredo assistiu às gravações na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada, na presença do advogado Ralph Tórtima, dois juĂ­zes auxiliares de Moraes e outros cinco servidores pĂșblicos.

HĂĄ pouco mais de um ano, os Mantovanis foram acusados por Moraes de terem agredido Barci. Agora, contudo, a perĂ­cia mostra outros elementos.

Roberto Mantovani, Andréia Mantovani e Alex Zanatta
Roberto Mantovani, Andréia Mantovani e Alex Zanatta | Foto: Redes Sociais

"Na forma como as imagens 59-61 foram apresentadas no relatório nÂș 004/23 tem-se uma ideia falsa do que realmente ocorreu", observou o perito, no documento. "Assistindo o vĂ­deo diretamente, constatou-se que uma cena anterior às mostradas nas imagens 59-61 foi suprimida. Tal cena, de extrema importância, mostra uma agressão praticada por Alexandre Barci contra Roberto Mantovani, consistindo em um tapa na nuca. Houve, portanto, uma agressão anterior ao gesto de Roberto Mantovani, o qual, nas imagens de vĂ­deo levanta o braço em movimento instintivo de defesa, resvalando nos óculos de Alexandre Barci."

Ainda conforme o perito, ao se referir a uma peça da PolĂ­cia Federal (PF), "é curioso observar que justamente neste ponto hĂĄ uma falha na ordem numérica das imagens no relatório nÂș 004/23, tendo sido a numeração das imagens 59 e 60 duplicada".

"Ressalte-se que numeração duplicada refere-se a imagens distintas", constatou o técnico. "É importante também observar que entre a primeira apresentação da imagem numerada como '60' e a segunda apresentação da imagem numerada como '59' hĂĄ um intervalo de tempo considerĂĄvel, como fica evidente na modificação do posicionamento das pessoas na cena. Tal intervalo temporal atipicamente estendido ocorreu em função da supressão de frames que mostrariam a agressão de Alexandre Barci sobre Roberto Mantovani. Tal fato ficaria ainda mais evidente caso tivesse sido preservado o time code. De qualquer modo, se ainda pairar alguma dĂșvida, esta pode ser dirimida com a visualização do vĂ­deo. Caso tivesse sido permitida aos peritos aqui signatĂĄrios obter a cópia dos vĂ­deos, ou apenas a captura dos frames de interesse, tal situação estaria aqui ilustrada inequivocamente com imagens de boa qualidade."

PGR denuncia famĂ­lia envolvida em tumulto com Alexandre de Moraes em aeroporto

alexandre de moraes
O ministro Alexandre de Moraes, durante um evento em São Paulo promovido pelo Grupo Lide – 22/07/2024 | Foto: Aloisio Mauricio/Estadão ConteĂșdo

Em 16 de julho, a Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) denunciou os Mantovanis, por supostamente terem agredido Barci. A famĂ­lia responderĂĄ por calĂșnia e injĂșria.

A PGR se movimentou pouco mais de um mĂȘs depois de a PF indiciar a famĂ­lia.

Quatro meses antes, porém, o delegado da PF que cuidava do caso, Hiroshi de AraĂșjo Sakaki, concluiu que houve "injĂșria real" contra o filho de Moraes, mas não indiciou a famĂ­lia em razão de uma instrução normativa que proĂ­be a medida em caso de crimes de menor potencial ofensivo, com penas inferiores a 2 anos de prisão.

Após um novo delegado assumir o processo, os Mantovani acabaram virando alvo da Justiça.


Fonte: Revista Oeste

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