No governo Lula houve queda no combate à corrupção, registra CGU

Dados da Controladoria-Geral da União mostram que, até 23 de outubro, o ano registrou apenas 33 investigações; com Bolsonaro, a média era 66

Por Trago Verdades em 31/10/2024 às 12:38:31

Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Desde que o governo Lula assumiu o poder, a Controladoria-Geral da União (CGU) registrou uma queda expressiva nas operações especiais de combate à corrupção.

Em comparação, durante o governo Bolsonaro, a média era de 66 operações anuais. Em 2023, primeiro ano da nova gestão do petista, esse nĂșmero caiu para 37. Até 23 de outubro de 2024, o ano registrou apenas 33 operações, conforme dados da CGU.

Essas operações, iniciadas em 2003, são realizadas em colaboração com órgãos como a PolĂ­cia Federal, Receita Federal, Ministério PĂșblico, Tribunais de Contas e o O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Um exemplo de investigação bem-sucedida foi a descoberta de superfaturamento em contratos de saĂșde na Prefeitura de São Gonçalo (RJ). As perdas somaram R$ 10 milhões.

Em 2023 e 2024, os desvios detectados somaram R$ 435,6 milhões e R$ 151,4 milhões, respectivamente. O resultado do primeiro ano da gestão petista superou a média dos quatro anos de governo Bolsonaro, de R$ 306 milhões.

No entanto, o nĂșmero de operações no governo Lula é o menor registrado desde 2015, durante o mandato de Dilma Rousseff.

Mudanças no governo Lula e comparações com gestão Bolsonaro

O recorde de operações ocorreu em 2020 e 2021, no governo Bolsonaro, com 96 e 64 operações, respectivamente. À época, a CGU focou o monitoramento de gastos emergenciais da covid-19, frequentemente realizados sem licitação — isso gerou suspeitas de desvios.

A queda no nĂșmero de operações coincide com a reformulação interna da CGU. Em 2023, o órgão extinguiu a Secretaria de Combate à Corrupção e incorporou suas funções à Secretaria Federal de Controle Interno. A ação exigiu que auditores conciliassem investigações com a avaliação de programas governamentais.

Técnicos do governo acreditam que o foco no combate à corrupção diminuiu. "Não hĂĄ vontade polĂ­tica no governo Lula de enfrentar o combate à corrupção", afirmou ao jornal O Globo uma fonte próxima à CGU. "Não é prioridade. Parece haver um ressentimento em relação à Lava Jato que acaba impactando esse compromisso."

De acordo com a CGU, 30% das operações são iniciadas internamente, através de auditorias e denĂșncias feitas pelo canal Fala.BR. No entanto, 70% das operações resultam de colaborações com a PolĂ­cia Federal e Ministérios PĂșblicos.

Fonte: Revista Oeste

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