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perseguição política

Especialista diz que STF está "jogando o Brasil no abismo do crime por pensamento"

Pesquisadora da USP afirma que mera cogitação não viola a lei e que juiz julgar o próprio suposto agressor é colocar o país em "estado de barbárie"


A professora de Direito e pesquisadora da USP Érica Gorga: em analogia ao comportamento do judiciário, até mesmo autores de peças teatrais e romances poderiam ser presos por mero planejamento | Reprod

A especialista em Direito e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Érica Gorga, inseriu na plataforma Twitter/X um vídeo em que critica o Supremo Tribunal Federal (STF) por jogar o Brasil "no abismo do crime por pensamento".

Doutora em Direito Comercial e pós-doutora em Direito pela Universidade do Texas, Érica explica que, pela legislação brasileira, para haver a tentativa de crime é preciso primeiramente existir um início da execução do crime, mesmo que ele não venha a se consumar.

"Mera cogitação não configura crime"

A abordagem da especialista faz referência a prisões e ao indiciamento de 37 pessoas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por suposta tentativa de golpe contra o Estado. Érica diz que a mera cogitação não configura crime, "pois não se pode punir o pensamento ou o planejamento sem a tentativa da execução".

Conforme raciocínio da pesquisadora, se fosse possível punir o mero planejamento, "até mesmo autores de peças teatrais e romances poderiam ser presos". Em sua mensagem nas redes sociais, a advogada e professora afirma principalmente: "Estão jogando o Brasil no abismo do crime por pensamento".

<blockquote class="twitter-tweet"><p lang="pt" dir="ltr">São 37 novos indiciados e mais um sem número de presos por CRIME DE PENSAMENTO! <a href="https://t.co/PwLHwYyw64">pic.twitter.com/PwLHwYyw64</a></p>&mdash; Érica Gorga (@EricaGorga) <a href="https://twitter.com/EricaGorga/status/1859725737802203639?ref_src=twsrc%5Etfw">November 21, 2024</a></blockquote> <script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script>

Para ela, esse tipo de conduta é uma característica "típica de regimes ditatoriais". Ainda em relação às iniciativas da Polícia Federal (PF), com a chancela do STF, a especialista chama a atenção para um detalhe que considera "elementar".

"Em um Estado que se diz Estado Democrático de Direito, uma vítima não pode julgar a pessoa que supostamente quis atacá-la. Um juiz não pode julgar o seu suposto agressor."

Sua análise teria relação direta ao comportamento do ministro do STF Alexandre de Moraes. Ele seria vítima dos supostos atentados do 8 de janeiro e do suposto planejamento de assassinato por integrantes do governo do ex-presidente Bolsonaro.

Neste caso, observa a especialista, se isso acontecer, ou seja, o juiz julgar o seu suposto agressor, "estamos em estado de barbárie. Não há nada de democrático. Não há Direito e não há possibilidade de justiça".

A mensagem de Érica Gorga foi ao ar às 19h29 desta quinta-feira, 21. A até o fechamento desta reportagem já havia recebido mais de 78 mil visualizações no Twitter/X, além de 1,7 mil compartilhamentos. Outras plataformas, como Instagram e TikTok, também reproduziram o vídeo.


Revista Oeste

Censura Liberdade de Pensamento Supremo Tribunal Federal (STF) Jair Bolsonaro Alexandre de Moraes

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