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China

Covid-19: estudos voltam a apontar que vírus surgiu no mercado de Wuhan

Na revisão de exames dos primeiros casos, a linhagem "A" foi detectada apenas em pessoas próximas ao comércio


Imagem: Robert Way / Shutterstock

Dois recentes estudos apontaram que o mercado de frutos do mar de Huanan em Wuhan, na China, foi provavelmente o epicentro do surto da Covid-19. De acordo com os artigos, revisados e publicados na Science na terça-feira (26), o coronavírus nasceu da venda de animais vivos que eram mantidos juntos, sugerindo a troca de germes entre si e no manejo por humanos.

Apesar da relação, a pesquisa não esclareceu, no entanto, quais as espécies poderiam estar doentes. Contudo, pesquisadores ressaltam que há "evidências convincentes" para a afirmação, principalmente levando em consideração que os primeiros casos de Covid estavam concentrados no mercado, entre vendedores e compradores que frequentavam o local.

"Todos os oito casos de Covid-19 detectados antes de 20 de dezembro eram do lado oeste do mercado, onde também eram vendidas espécies de mamíferos", diz o estudo.

"Esta é uma indicação de que o vírus começou a se espalhar entre pessoas que trabalhavam no mercado, mas depois começou a rondar pela comunidade local circundante. Quando os vendedores entraram nas lojas locais, eles infectaram as pessoas que trabalhavam nesses estabelecimentos", explica o coautor Michael Worobey, chefe do departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade do Arizona.

Segundo a CNN, que divulgou os estudos, enquanto uma parte da pesquisa se concentrou no uso de ferramentas de mapeamento, a outra adotou uma abordagem molecular e determinou que a primeira transmissão de animal para humano provavelmente aconteceu por volta de 18 de novembro de 2019 e veio das linhagens A e B, versões mais antigas do coronavírus.

Na revisão de exames dos primeiros casos, a linhagem A foi detectada apenas em pessoas próximas ao comércio. Já a linhagem B constou apenas em pessoas que trabalhavam no mercado. Para os especialistas, isso quer dizer que duas "infecções por transbordamento" separadas — em que um humano contraiu o vírus de um animal – aconteceram.

"Essas descobertas indicam que é improvável que o Sars-CoV-2 tenha circulado amplamente em humanos antes de novembro de 2019 e definem a estreita janela entre quando o Sars-CoV-2 saltou pela primeira vez para os humanos e quando os primeiros casos de Covid-19 foram relatados. Tal como acontece com outros coronavírus, o surgimento do Sars-CoV-2 provavelmente resultou de vários eventos zoonóticos", esclarece o estudo.

Covid-19: estudos voltam a apontar que vírus surgiu no mercado de Wuhan. Crédito: Corona Borealis Studio/Shutterstock


Teoria do vazamento de laboratório

Os pesquisadores deixam claro que os novos dados não refutam a ideia de vazamento de laboratório do Instituto de Virologia de Wuhan (muito especulado desde o início da pandemia). Contudo, os resultados dos estudos apontam para algo mais plausível e totalmente possível e "real". "Não é plausível que este vírus tenha sido introduzido de outra forma que não seja através do comércio de animais selvagens", afirma Worobey.

Para o professor Stuart Neil do Kings College, também integrante do estudo, a pandemia foi consequência de uma "prática insalubre, cruel e anti-higiênica sobre a qual as autoridades chinesas haviam sido alertadas". Por isso, é importante se atentar ao que as evidências mostram, e não focar no "problema errado".

A equipe pretende agora definir qual animal pode ter sido infectado pela primeira vez e como ele foi infectado para, a partir disso, entender e até reduzir as chances de novas pandemias.

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