Se os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) têm demonstrado claramente seu desejo de perseguir os responsáveis pela Operação Lava Jato no Ministério Público Federal, dando sua contribuição ao desmonte do combate à corrupção no Brasil, o país pode ao menos se alegrar com o fato de o corpo técnico da instituição se pautar pela isenção e pela busca da verdade dos fatos. A Secretaria de Controle Externo da Administração do Estado (SecexAdministração) do órgão já havia afirmado anteriormente que não havia nenhum indício de irregularidade no processo que tenta obrigar o ex-procurador Deltan Dallagnol a desembolsar inacreditáveis R$ 2,8 milhões, e um novo parecer da mesma secretaria tem tudo para colocar uma pá de cal neste absurdo.
O processo foi aberto após representação do Ministério Público junto ao TCU (MPTCU) e da bancada parlamentar do Partido dos Trabalhadores; pretendia-se que Dallagnol, outros integrantes da força-tarefa da Lava Jato e o ex-procurador-geral Rodrigo Janot fossem investigados e punidos por supostamente torrar dinheiro do contribuinte com viagens e diárias de procuradores que participavam da investigação do petrolão, um gasto que, no olhar dos perseguidores, teria sido tanto excessivo quanto desnecessário. O ministro relator, Bruno Dantas, apadrinhado de Renan Calheiros e chegado ao ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado Lula, ignorou o parecer inicial da SecexAdministração, seguiu adiante com o processo, atropelou etapas e chegou a antecipar seu voto quando, em despacho de novembro de 2021, chamou os investigados de "malversadores de recursos públicos". Tudo isso com a ajuda dos demais integrantes da Segunda Câmara do TCU, todos eles envolvidos de alguma forma com a Lava Jato, seja como denunciados ou citados em delações premiadas.