O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai disputar o segundo turno da eleição à PresidĂȘncia da RepĂșblica com o candidato Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT). A segunda etapa do pleito – marcada para 30 de outubro – foi confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às 21h30 deste domingo, 2, com 96,93% das urnas apuradas do primeiro turno das eleições de 2022.
Às 22h09, o petista recebeu o equivalente a 48,24% do eleitorado brasileiro. Em segundo lugar, o atual chefe do Executivo computava, 43,36% dos votos. Na sequĂȘncia, Simone Tebet ficou com o terceiro lugar e recebeu 4,18% dos votos JĂĄ o candidato Ciro Gomes (PDT) somou 3,05% e ficou em quarto lugar. Confira AQUI o resultado de todos os candidatos.
O pleito deste ano foi marcado por uma polarização antecipada entre os dois principais candidatos. Lula recuperou os direitos polĂticos em março de 2021, quando o STF anulou as condenações do petista. E, desde então, a disputa entre os dois estava desenhada, deixando pouco espaço para a ascensão da chamada "terceira via", que foi desidratando ao longo do processo. Nomes como o do ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), ficaram pelo caminho. A escolha do PT por Geraldo Alckmin (PSB), que foi um dos fundadores do PSDB, partido que historicamente rivalizou as disputas presidenciais com os petistas, para o cargo de vice-presidente na chapa, foi um marco da campanha eleitoral e recebeu crĂticas. Na reta final, cresceu o movimento do voto Ăștil, incluindo declarações de artistas e personalidades. Pela primeira vez na história, a disputa pela PresidĂȘncia da RepĂșblica ocorreu entre um presidente e um ex-presidente.
Para o segundo turno, o cenĂĄrio é de oportunidade para ambas as campanhas, mas especialmente para o atual presidente. De maneira geral, o resultado deste domingo é considerado uma vitória – ainda que pequena – pelo QG bolsonarista. Isso porque, ao longo desta Ășltima semana, a campanha de Jair Bolsonaro utilizou todas as estratégias possĂveis para garantir que a disputa não fosse definida em turno Ășnico. Ou seja, o principal objetivo era impedir uma vitória antecipada de Lula, o que de fato aconteceu. Agora, pensando em 30 de outubro, a campanha bolsonarista deve concentrar esforços para aflorar o antipetismo; aumentar a rejeição do candidato do PT, que é menos rejeitado que Bolsonaro; ampliar as narrativas sobre feitos do atual governo – com ĂȘnfase nos programas sociais, com foco no valor turbinado do AuxĂlio Brasil, redução dos combustĂveis, compra de vacinas e a transposição do Rio São Francisco; e também utilizar novas cartadas para uma campanha de "vale-tudo". As Ășltimas propagandas de Jair Bolsonaro no horĂĄrio eleitoral gratuito na televisão reuniram interseção sobre aborto, vĂdeo em que o presidente diz "falar palavrão, mas não ser ladrão" e campanha voltada para explicar as condenações do ex-presidente.
Em contrapartida, no reduto petista, as próximas quatro semanas de propagandas e agendas eleitorais também devem reservar novidades, especialmente quanto as bases de apoio. Com a disputa em segundo turno, a expectativa é que a campanha de Lula angarie novas alianças. O União Brasil, por exemplo, que concorria com Soraya Thronicke neste primeiro turno, chegou a conversar com os petistas antes de definir pelo nome da parlamentar. A própria senadora jĂĄ admitiu, em entrevista ao Pânico, da Jovem Pan, que a legenda deve dialogar com o PT. Outro partido para a construção de provĂĄvel aliança é o Movimento DemocrĂĄtico Brasileiro (MDB), que empunhava a candidatura de Simone Tebet à PresidĂȘncia. Dentro da sigla, uma ala pró-Lula jĂĄ defendia o apoio ao petista no primeiro turno, em movimento encabeçado pelo senador Renan Calheiros (MDB) e que deve ganhar forças nas próximas semanas. O Partido Socialista DemocrĂĄtico (PSD), de Gilberto Kassab, que liberou os filiados em primeiro turno, também pode declarar apoio a Lula, assim como o Partido DemocrĂĄtico Trabalhista (PDT), de Ciro Gomes.
Fonte: Jovem Pan