Brasil: Pesquisa faz mapeamento da incidência de malária em gestantes

Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) fez um mapeamento da incidência de malária em gestantes no Brasil. A abrangência do estudo torna o trabalho...

Por Trago Verdades em 21/07/2022 às 02:27:21

Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) fez um mapeamento da incidĂȘncia de malĂĄria em gestantes no Brasil. A abrangĂȘncia do estudo torna o trabalho inédito, tendo em vista que foi analisado um longo perĂ­odo, de 2004 a 2018, e envolve mais de 60 mil mulheres, a partir de dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da MalĂĄria (Sivep-MalĂĄria), do Ministério da SaĂșde. Entre os resultados encontrados, estĂĄ a observação de que a doença ocorre mais em grĂĄvidas de municĂ­pios dos estados do Amazonas, do Acre, de Rondônia e do ParĂĄ.

"São os hotspots para a doença, aquelas regiões que são mais crĂ­ticas, onde a frequĂȘncia da doença acontece com mais evidĂȘncia. O estudo indica onde seriam necessĂĄrias maiores intervenções do sistema de saĂșde, de polĂ­ticas pĂșblicas", explica ClĂĄudio Romero Farias Marinho, professor do Laboratório de Imunoparasitologia Experimental do Instituto de CiĂȘncias Biomédicas (ICB-USP), que coordenou o trabalho. A pesquisa foi apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e publicada na revista Lancet Regional Health - Americas.

O grupo coordenado por Marinho estuda a malĂĄria gestacional hĂĄ 10 anos. "As gestantes, assim como as crianças com idade até cinco anos, são os principais grupos de risco para desenvolver uma doença severa, a malĂĄria severa. A maior mortalidade do mundo se aplica a esses dois grupos", pontuou. A doença é causada por protozoĂĄrios do gĂȘnero Plasmodium e transmitida pelo mosquito Anopheles. As gestantes infectadas correm mais risco de ter anemia grave, parto prematuro, aborto e natimortalidade. O feto também pode ser afetado, apresentando microcefalia ou ter o crescimento prejudicado.

O trabalho mostra também que houve redução para aproximadamente metade dos casos no perĂ­odo analisado. "Com todos os problemas que temos, o Brasil tem um programa muito sério de controle da malĂĄria. A doença tem que ser notificada e esse sistema é alimentado quase que diariamente. É um sistema de vigilância bastante eficiente", avaliou. Além disso, ele destaca o fato de que todo o tratamento é gratuito. "Isso é super importante, porque isso evita resistĂȘncia à droga, nós nos certificamos que realmente a pessoa foi tratada de forma adequada."

Tratamento

Apesar disso, o estudo revelou ainda que o tratamento dessas pacientes pode estar sendo feito de forma inadequada, com a prescrição de um medicamento contraindicado, a primaquina. Marinho alerta, no entanto, que, como se trata de uma base de dados, é preciso confirmar essa informação, pois pode haver erro na informação registrada. "Esse é um importante ponto de alerta, mas cabe às autoridades olhar isso e verificar, ter um maior controle, verificar a veracidade dessa informação", ponderou o pesquisador.

Sob a coordenação de Marinho, o levantamento foi conduzido pela pós-doutoranda do ICB-USP Jamille Dombrowski, em parceria com pesquisadores da Faculdade de SaĂșde PĂșblica (FSP-USP). A partir dessa anĂĄlise epidemiológica, o foco do grupo agora é o diagnóstico precoce de uma complicação da doença, a malĂĄria placentĂĄria. Nesses casos, o parasita pode estar na placenta e a gestante sem apresentar sintomas. Dombrowski trabalha, portanto, em um projeto que quer identificar biomarcadores para que essa anĂĄlise possa ser introduzida na rotina do pré-natal.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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