Bancada evangélica vê carta de Lula como "escárnio" e espera que Bolsonaro tenha 75% dos votos do segmento

Líder do grupo no Congresso Nacional, Sóstenes Cavalcante disse ex-presidente "mudou de opinião" sobre aborto "somente por conta do período eleitoral"

Por Trago Verdades em 22/10/2022 às 16:11:25

Marina Ramos/Câmara dos Deputados

O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), lĂ­der da bancada evangélica no Congresso Nacional, classifica a carta divulgada pelo ex-presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT) ao segmento como "um escĂĄrnio". No documento divulgado na quarta-feira, 19, o petista voltou a se dizer contra o aborto, defendeu o fortalecimento das famĂ­lias e destacou que, em seu governo, assinou leis e decretos que reforçaram a liberdade religiosa no paĂ­s. Na avaliação de Sóstenes, no entanto, o candidato do PT mudou de opinião "somente por conta do perĂ­odo eleitoral". "A carta de Lula aos evangélicos é um escĂĄrnio. É vergonhoso ver alguém mudar de opinião somente por conta do perĂ­odo eleitoral. Todos sabemos das declarações dele até recentemente a favor de aborto, ofendendo a famĂ­lia. Chega em perĂ­odo eleitoral, a mĂĄscara quer ser colocada novamente no Lula, mas jĂĄ vacinamos bem o segmento evangélico com o antĂ­doto anti-Lula, contra a hipocrisia, a falsidade e a mentira do PT", disse Sóstenes disse nesta sexta-feira, 21.

Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizam uma fala de Lula ainda no perĂ­odo de pré-campanha, em abril deste ano, para afirmar que o petista é a favor do aborto. HĂĄ seis meses, o ex-presidente disse, em um evento com representantes do Parlamento Europeu, que o assunto "deveria ser transformado numa questão de saĂșde pĂșblica". "Aqui no Brasil ela não faz porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questão de saĂșde pĂșblica e todo mundo ter direito e não ter vergonha", disse. Na ocasião, o ainda pré-candidato acrescentou que, no Brasil, mulheres pobres morrerem ao tentar abortar enquanto "madame pode fazer um aborto em Paris" ou "ir para Berlim procurar uma clĂ­nica boa". Na carta divulgada nesta semana, o ex-presidente reafirmou o compromisso "com a vida plena em todas as suas fases". "Para mim a vida é sagrada, obra das mãos do Criador e meu compromisso sempre foi e serĂĄ com sua proteção. Sou pessoalmente contra o aborto e lembro a todos e todas que este não é um tema a ser decidido pelo Presidente da RepĂșblica e sim pelo Congresso Nacional", diz um trecho do manifesto.

Na avaliação de outros integrantes da bancada evangélica, a carta compromisso assinada por Lula não deve alterar o quadro de apoio massivo do segmento a Bolsonaro. Um interlocutor do ex-presidente disse à Jovem Pan que o documento serve para "estancar a sangria", reconhecendo, por outro lado, que "os evangélicos são uma espécie de fortaleza para a candidatura" do atual presidente da RepĂșblica. Pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira, 19, apontou um avanço de Bolsonaro entre os evangélicos. Segundo o instituto, o candidato do PL ampliou de 34 para 38 pontos sua vantagem no grupo religioso (66% a 28%).

Sóstenes Cavalcante vĂȘ margem para um crescimento ainda maior de Bolsonaro e projeta que, no segundo turno, o presidente da RepĂșblica terĂĄ 75% dos votos entre os evangélicos – Lula, nos cĂĄlculos do lĂ­der da bancada, terĂĄ, no mĂĄximo 20%. Outros 5% dos eleitores que se identificam com este segmento devem anular seus votos, projeta o parlamentar. O prognóstico é endossado pelo deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), para quem o atual chefe do Executivo federal pode ter cerca de 15 milhões de votos de vantagem para o petista entre esta parcela da população.

Fonte: Jovem Pan

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