O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), lĂder da bancada evangélica no Congresso Nacional, classifica a carta divulgada pelo ex-presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT) ao segmento como "um escĂĄrnio". No documento divulgado na quarta-feira, 19, o petista voltou a se dizer contra o aborto, defendeu o fortalecimento das famĂlias e destacou que, em seu governo, assinou leis e decretos que reforçaram a liberdade religiosa no paĂs. Na avaliação de Sóstenes, no entanto, o candidato do PT mudou de opinião "somente por conta do perĂodo eleitoral". "A carta de Lula aos evangélicos é um escĂĄrnio. É vergonhoso ver alguém mudar de opinião somente por conta do perĂodo eleitoral. Todos sabemos das declarações dele até recentemente a favor de aborto, ofendendo a famĂlia. Chega em perĂodo eleitoral, a mĂĄscara quer ser colocada novamente no Lula, mas jĂĄ vacinamos bem o segmento evangélico com o antĂdoto anti-Lula, contra a hipocrisia, a falsidade e a mentira do PT", disse Sóstenes disse nesta sexta-feira, 21.
Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizam uma fala de Lula ainda no perĂodo de pré-campanha, em abril deste ano, para afirmar que o petista é a favor do aborto. HĂĄ seis meses, o ex-presidente disse, em um evento com representantes do Parlamento Europeu, que o assunto "deveria ser transformado numa questão de saĂșde pĂșblica". "Aqui no Brasil ela não faz porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questão de saĂșde pĂșblica e todo mundo ter direito e não ter vergonha", disse. Na ocasião, o ainda pré-candidato acrescentou que, no Brasil, mulheres pobres morrerem ao tentar abortar enquanto "madame pode fazer um aborto em Paris" ou "ir para Berlim procurar uma clĂnica boa". Na carta divulgada nesta semana, o ex-presidente reafirmou o compromisso "com a vida plena em todas as suas fases". "Para mim a vida é sagrada, obra das mãos do Criador e meu compromisso sempre foi e serĂĄ com sua proteção. Sou pessoalmente contra o aborto e lembro a todos e todas que este não é um tema a ser decidido pelo Presidente da RepĂșblica e sim pelo Congresso Nacional", diz um trecho do manifesto.
Na avaliação de outros integrantes da bancada evangélica, a carta compromisso assinada por Lula não deve alterar o quadro de apoio massivo do segmento a Bolsonaro. Um interlocutor do ex-presidente disse à Jovem Pan que o documento serve para "estancar a sangria", reconhecendo, por outro lado, que "os evangélicos são uma espécie de fortaleza para a candidatura" do atual presidente da RepĂșblica. Pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira, 19, apontou um avanço de Bolsonaro entre os evangélicos. Segundo o instituto, o candidato do PL ampliou de 34 para 38 pontos sua vantagem no grupo religioso (66% a 28%).
Sóstenes Cavalcante vĂȘ margem para um crescimento ainda maior de Bolsonaro e projeta que, no segundo turno, o presidente da RepĂșblica terĂĄ 75% dos votos entre os evangélicos – Lula, nos cĂĄlculos do lĂder da bancada, terĂĄ, no mĂĄximo 20%. Outros 5% dos eleitores que se identificam com este segmento devem anular seus votos, projeta o parlamentar. O prognóstico é endossado pelo deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), para quem o atual chefe do Executivo federal pode ter cerca de 15 milhões de votos de vantagem para o petista entre esta parcela da população.
Fonte: Jovem Pan