Indubitavelmente, a liberdade de expressão é um dos pilares do Estado DemocrĂĄtico de Direito. Considerada como um dos principais direitos do indivĂduo, não podendo ser restringida nem via emenda constitucional, esta é associada não só à liberdade do indivĂduo de se manifestar livremente, mas também ao direito à informação, sendo tais atos de cidadania relevantĂssimos, especialmente quando se trata de polĂtica (não apenas em perĂodo eleitoral).
Com a internet, tais direitos foram elevados à Ășltima potĂȘncia, com a possibilidade de os cidadãos exporem suas opiniões e se informarem a partir dos mais variados meios. É indiscutĂvel que tal avanço fez com que as pessoas se envolvessem mais nos debates, desenvolvendo seus raciocĂnios polĂticos, porém, hĂĄ um ponto de atenção quando se trata da absorção de todo e qualquer conteĂșdo encontrado na rede: a desinformação.
Primeiramente, é importante lembrar que nenhum direito é absoluto e, como direito, a liberdade de expressão também é limitada em alguns casos, como ocorre em relação a discursos de ódio, incitação a crimes e divulgação de notĂcias falsas. Nestas hipóteses, não se trata de "uma questão de opinião".
A desinformação pode trazer muitos danos. Se tratando da defesa da democracia, a desinformação impede que o cidadão se informe da maneira correta e faça escolhas devidamente embasadas, pois, partindo de uma premissa falsa, toda ideia se torna viciada.
Para melhor compreender o oceano de notĂcias compartilhadas na rede, desviando de notĂcias falsas – as famosas fake news, muitas pessoas passaram a refinar os conteĂșdos que recebem, bem como a checar as informações a partir de buscas adicionais, hĂĄbitos estes importantĂssimos.
Ocorre que, quando se trata de um conteĂșdo escrito, as pessoas tendem a duvidar do mesmo com mais facilidade. Se tratando de vĂdeos e imagens, tal questionamento tende a ser mais raro, pois a informação compartilhada parece ser munida de evidĂȘncias. No entanto, mesmo nestas hipóteses, deve-se ter atenção.
Um dos artifĂcios usados a favor da desinformação é a deep fake. A deep fake consiste no uso de inteligĂȘncia artificial de forma a criar e manipular imagens, especialmente vĂdeos, fazendo com que seja possĂvel trocar ou manipular o rosto das pessoas, com a possibilidade de sincronizar expressões e movimentos labiais, bem como reproduzir vozes. Como resultado, é possĂvel o desenvolvimento de vĂdeos de toda sorte fazendo com que qualquer pessoa aparente estar dizendo ou fazendo qualquer coisa – o que é uma possibilidade aproveitada por pessoas mal-intencionadas, especialmente em ano eleitoral.
Para não ser enganado, é importante a atenção sobre a origem do conteĂșdo e ao teor da notĂcia. É importante desconfiar de erros de gramĂĄtica, notĂcias sem fonte ou qualquer conteĂșdo divulgado de forma solta, o que é comum principalmente em aplicativos de troca de mensagens e redes sociais. A dupla checagem também é relevante e sempre vale a pena buscar na internet se aquele conteĂșdo recebido realmente é verdadeiro. Não raro, hĂĄ a réplica da deep fake em diversos sites, portanto, é importante se atentar à qualidade dos mesmos, preferindo sempre meios de comunicação mais estabelecidos, como é o caso de jornais bem estabelecidos ou agĂȘncias de checagem de notĂcias.
Tais medidas são importantes para garantir que o indivĂduo exerça seu pensamento e tenha direito a desenvolver suas próprias opiniões de forma realmente livre. Se tratando de polĂtica, esta situação se torna ainda mais grave, pois é relevante que o indivĂduo possa escolher o candidato desejado com base em informações reais, ato essencial para a garantia da democracia.
Fonte: Olhar Digital