Deep fake, mais um artifício aliado à desinformação 

Por Trago Verdades em 24/10/2022 às 07:21:23

Indubitavelmente, a liberdade de expressão é um dos pilares do Estado DemocrĂĄtico de Direito. Considerada como um dos principais direitos do indivĂ­duo, não podendo ser restringida nem via emenda constitucional, esta é associada não só à liberdade do indivĂ­duo de se manifestar livremente, mas também ao direito à informação, sendo tais atos de cidadania relevantĂ­ssimos, especialmente quando se trata de polĂ­tica (não apenas em perĂ­odo eleitoral).

Com a internet, tais direitos foram elevados à Ășltima potĂȘncia, com a possibilidade de os cidadãos exporem suas opiniões e se informarem a partir dos mais variados meios. É indiscutĂ­vel que tal avanço fez com que as pessoas se envolvessem mais nos debates, desenvolvendo seus raciocĂ­nios polĂ­ticos, porém, hĂĄ um ponto de atenção quando se trata da absorção de todo e qualquer conteĂșdo encontrado na rede: a desinformação.

Primeiramente, é importante lembrar que nenhum direito é absoluto e, como direito, a liberdade de expressão também é limitada em alguns casos, como ocorre em relação a discursos de ódio, incitação a crimes e divulgação de notĂ­cias falsas. Nestas hipóteses, não se trata de "uma questão de opinião".

A desinformação pode trazer muitos danos. Se tratando da defesa da democracia, a desinformação impede que o cidadão se informe da maneira correta e faça escolhas devidamente embasadas, pois, partindo de uma premissa falsa, toda ideia se torna viciada.

Para melhor compreender o oceano de notĂ­cias compartilhadas na rede, desviando de notĂ­cias falsas – as famosas fake news, muitas pessoas passaram a refinar os conteĂșdos que recebem, bem como a checar as informações a partir de buscas adicionais, hĂĄbitos estes importantĂ­ssimos.

Ocorre que, quando se trata de um conteĂșdo escrito, as pessoas tendem a duvidar do mesmo com mais facilidade. Se tratando de vĂ­deos e imagens, tal questionamento tende a ser mais raro, pois a informação compartilhada parece ser munida de evidĂȘncias. No entanto, mesmo nestas hipóteses, deve-se ter atenção.

Um dos artifĂ­cios usados a favor da desinformação é a deep fake. A deep fake consiste no uso de inteligĂȘncia artificial de forma a criar e manipular imagens, especialmente vĂ­deos, fazendo com que seja possĂ­vel trocar ou manipular o rosto das pessoas, com a possibilidade de sincronizar expressões e movimentos labiais, bem como reproduzir vozes. Como resultado, é possĂ­vel o desenvolvimento de vĂ­deos de toda sorte fazendo com que qualquer pessoa aparente estar dizendo ou fazendo qualquer coisa – o que é uma possibilidade aproveitada por pessoas mal-intencionadas, especialmente em ano eleitoral.

Deep fake

Para não ser enganado, é importante a atenção sobre a origem do conteĂșdo e ao teor da notĂ­cia. É importante desconfiar de erros de gramĂĄtica, notĂ­cias sem fonte ou qualquer conteĂșdo divulgado de forma solta, o que é comum principalmente em aplicativos de troca de mensagens e redes sociais. A dupla checagem também é relevante e sempre vale a pena buscar na internet se aquele conteĂșdo recebido realmente é verdadeiro. Não raro, hĂĄ a réplica da deep fake em diversos sites, portanto, é importante se atentar à qualidade dos mesmos, preferindo sempre meios de comunicação mais estabelecidos, como é o caso de jornais bem estabelecidos ou agĂȘncias de checagem de notĂ­cias.

Tais medidas são importantes para garantir que o indivĂ­duo exerça seu pensamento e tenha direito a desenvolver suas próprias opiniões de forma realmente livre. Se tratando de polĂ­tica, esta situação se torna ainda mais grave, pois é relevante que o indivĂ­duo possa escolher o candidato desejado com base em informações reais, ato essencial para a garantia da democracia.


Fonte: Olhar Digital

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