O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) optou pela manutenção da taxa básica de juros em 13,75%, após reunião realizada nesta quarta-feira, 26. Segundo o grupo, a decisão de manter a Selic está ligada a incertezas no cenário nacional e internacional e busca manter a estabilidade de preços. "O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego", publicou o grupo. Em agosto, o Copom aumentou a Selic para 13,75%, maior percentual desde janeiro de 2017, vem mantendo o patamar nos últimos meses. A alta foi a 12ª consecutiva – o Copom iniciou o ciclo de altas da taxa em março de 2021, como forma de combate à inflação. Desde então, o BC prosseguiu em sua política de ajuste monetário para evitar o descontrole na subida de preços. O Copom ainda avaliou que a atividade econômica brasileira segue em ritmo mais moderado de crescimento e que a inflação ao consumidor continua elevada.
Indicadores econômicos também levaram as projeções de inflação do Copom ficarem em 5,8% para 2022, 4,8% para 2023 e 2,9% para 2024. O Comitê julgou que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual. "O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; (ii) a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos; e (iii) um hiato do produto mais estreito que o utilizado atualmente pelo Comitê em seu cenário de referência, em particular no mercado de trabalho. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local; (ii) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (iii) a manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023. O Comitê avalia que a conjuntura, ainda particularmente incerta e volátil, requer serenidade na avaliação dos riscos", afirmou o comitê. O grupo ainda comprometeu em continuar a avaliar se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. "O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", finalizou a declaração.
Após a publicação, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que espera que Copom inicie em breve o processo de redução da Selic. Na avaliação do órgão, a política monetária se encontra no campo contracionista, desde dezembro de 2021, com taxa de juros real desestimulando a atividade econômica. "Os juros em nível mais baixo deixam de representar entrave tão intenso ao consumo e aos investimentos e, assim, permitem melhor desempenho da economia. E, além disso, não comprometem o processo de combate à inflação. Para permitir um início mais rápido e uma queda mais intensa da taxa de juros, é importante o controle dos gastos públicos e compromisso com o equilíbrio fiscal, avalia o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Fonte: Jovem Pan