Os dois candidatos que disputam o Governo de São Paulo se enfrentaram nesta quinta-feira, 27, no último debate antes do segundo turno das eleições de 2022, promovido pela Rede Globo. O encontro entre Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) foi marcado por uma série de interrupções e troca de farpas entre os adversários ao Palácio dos Bandeirantes, que discutiram temas como crise do oxigênio em Manaus, aumento do salário mínimo, agronegócio, privatização da Sabesp, pandemia da Covid-19 e pessoas em situação de rua. Entretanto, apesar da variedade de assuntos, mais uma vez o destaque ficou nos reflexos da eleição nacional no pleito local, com Tarcísio fazendo inúmeros acenos ao governo federal e à campanha de Jair Bolsonaro (PL), seu padrinho político no Estado, ao mesmo tempo que o petista criticou o atual presidente, adversário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa ao Planalto.
Olhando os temas locais, o ex-ministro da Educação iniciou suas colocações questionando o oponente a respeito de suas propostas para manutenção da frequência escolar e vacinação de crianças, que caiu no Estado, questionamento inicialmente não respondido por Tarcísio. Na sequência, assim como no debate anterior, Haddad voltou a focar as suas críticas na atuação do governo federal durante a pandemia de Covid-19, questionando os erros do ex-ministro da Infraestrutura no envio de oxigênio para Manaus, em janeiro de 2021. O governo Bolsonaro atrasou a remessa para Manaus, um absurdo que aconteceu. As imagens de gente sufocada. Isso é mentira? O atraso nos e-mails da Pfizer, também é mentira? ( ) As pessoas estavam sufocando em Manaus. Bolsonaro tomou muitas decisões equivocadas na pandemia, ele prejudicou esse país, a moral e imagem do país. Em São Paulo não vamos admitir jamais esse tipo de prática", completou. Fernando Haddad também criticou o oponente – e a atual gestão federal – pelo fim do Minha Casa Minha Vida, por ter "debochado do Instituto Butantan" e, principalmente, por não ter dado, segundo ele, nem R$ 1 de aumento real do salário mínimo. "A inflação comendo solta. Ninguém consegue fazer mercado nesse país e você vem dizer ao cidadão que é mentira [a falta de reajuste]? Em que planeta você vive, Tarcísio?", questionou.
Por sua vez, o ex-ministro da Infraestrutura iniciou suas colocações esclarecendo supostas informações falsas que, segundo ele, estão sendo divulgadas por aliados do petista. "Julgo necessário restabelecer a verdade. Esta é minha primeira campanha e estou sendo bombardeado por fake news", iniciou Tarcísio. O primeiro tema a ser esclarecido foi a privatização da Sabesp, já defendida pelo candidato em ocasiões anteriores. Embora admita estudo sobre o tema, Gomes de Freitas disse que a desestatização vai acontecer "apenas se for vantajoso para o cidadão", negando também que haverá aumento da conta de água. Apadrinhado por Bolsonaro, o ex-ministro também afirmou que o atual governo, se reeleito, vai dar aumento sobre o salário mínimo, assim como para aposentadorias, pensões e funcionários públicos. Ainda em foco na campanha presidencial, Tarcísio disse que o auxílio emergencial de R$ 600 está garantido em 2023 – apesar de não ser contemplado no Orçamento. "São tantas fake news. Disseram que o goleiro Bruno, condenado por assassinato, ia ser meu secretário. Começa a ser um deboche com o eleitor", concluiu o republicano, que ficou quase 5 minutos rebatendo as informações falsas.
Apesar da nacionalização da disputa, Fernando Haddad não fez grandes menções a Lula, que apoia sua candidatura em São Paulo. A atitude pode se caracterizar como uma estratégia para alcançar eleitores indecisos do Estado e contrários ao ex-presidente. Em compensação, Tarcísio de Freitas aproveitou suas falas para criticar a candidatura do petista à Presidência, afirmando que a legenda não se reinventou e, por isso, Luiz Inácio não deveria voltar. "Um partido que está preso há 40 anos na mesma pessoa", disse o ex-ministro. Outro ponto de destaque foi Gomes de Freitas pedindo que Fernando Haddad "supere" a derrota na disputa presidencial para o presidente Jair Bolsonaro, em 2018. "Vamos discutir São Paulo", disse o ex-ministro, que não teve uma resposta do oponente. A falta de respostas a perguntas durante o debate também foi um destaque no confronto. Ao longo das duas horas de colocações, ambos candidatos focaram em apresentar suas propostas ou promover ataques ao oponente, mas sem responder a questionamentos importantes feitos. Tarcísio Gomes de Freitas, por exemplo, ignorou perguntas sobre salário mínimo em São Paulo, pandemia e compras de vacinas. Já Haddad não quis responder sobre quadro de secretários, se eleito governador, e falando em "desrespeito" com o eleitor. "Você chegou agora, tenha mais respeito", finalizou, rebatendo o oponente, que nasceu no Rio de Janeiro.
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Fonte: Jovem Pan