O hipotireoidismo, conhecido popularmente como problema na tireoide, se caracteriza pela queda na produção de hormônios. Embora muitos não saibam, este desequilíbrio pode afetar órgãos importantes como o coração, o cérebro, o fígado e os rins e, apesar de ser um problema mais visto entre adultos e idosos, as crianças também estão sujeitas, segundo pesquisa, principalmente as meninas.
A causa mais comum de hipotireoidismo na infância é a tireoidite autoimune, ou tireoidite de Hashimoto, que ocorre quando o corpo ataca as próprias células da tireoide — uma reação autoimune que aumenta na fase da adolescência. A prevalência dessa desordem adquirida após o nascimento tem sido reportada entre 1,7% e 9,5% em crianças e adolescentes, conforme estudo publicado no periódico Liebert Pub.
"Existem vários sinais que podem levar à suspeita de hipotireoidismo, entre eles a sonolência, ganho de peso e dificuldade de concentração. Mas, particularmente na criança, o que chama mais atenção é o déficit de crescimento e até mesmo a puberdade precoce, que podem estar associados ao hipotireoidismo", explica a médica.
Hipotireoidismo e tireoidite de Hashimoto (autoimune) são uma a causa da outra, no caso, o hipotireoidismo autoimune é o resultado da condição de Hashimoto. O ataque do sistema de defesa à glândula da tireoide causa a queda na produção dos hormônios T3 e T4 — caracterizando o hipotireoidismo.
Vale destacar que o HIPERtireoidismo é a reação contrária da glândula, ou seja, o oposto de HIPOtireoidismo. Neste caso, ela produz hormônios em excesso. É aqui que ocorre o metabolismo acelerado, com perda excessiva de peso. E (não querendo deixar mais complicado, mas já deixando) para o hipertireoidismo há a Hashitoxicose; o conceito é o mesmo da dupla Hashimoto e hipotireoidismo, mas é menos comum e também pode resultar no hipotireoidismo, já que embora sua reação seja de produção excessiva, o processo também leva á destruição da glândula da tireoide.
Em entrevista ao Olhar Digital, a Dra. Amato destacou ainda algumas outras diferenças referentes às doenças da tireoide, e uma delas é que nem todo hipotireoidismo é considerado autoimune.
"Nem todo hipotireoidismo é autoimune, temos outras causas, como a questão congênita, o que ocorre por retirada cirúrgica da tireoide, hipotireoidismo após radioiodo, por tratamento para hipertiroidismo ou com drogas anti-tireoidianas, e também o hipotireoidismo por deficiência de iodo. Ou seja, a autoimune não é a única causa, mas é a mais frequente, inclusive em mulheres adultas", explicou a médica.
"O hipotireoidismo tem causas diferentes, assim, pode-se deduzir que também há tipos diferentes. Tudo depende da origem".
No caso do hipotireoidismo congênito, citado por Amato, o caso nasce com a criança — e é exatamente isso que o difere da tireoidite autoimune em relação à infância, já que ela só se desenvolve mais tarde, conforme o desenvolvimento do corpo, e não enquanto bebê.
"Aqui a glândula é malformada, por isso a criança não produz adequadamente os hormônios tireoidianos. Isso ocorre por alterações genéticas, mutações. [Em alguns casos] o bebê até tem a glândula, mas a "maquinária" dela não consegue fabricar o hormônio".
A endocrinologista ainda acrescentou que o hipotireoidismo autoimune na infância também pode estar associado a outras doenças autoimunes, como vitiligo, diabetes, doença gastrointestinal autoimune e doença celíaca. Já o hipotireoidismo congênito (que ocorre quando a glândula do bebê não se desenvolve) pode estar associado à surdez e outras alterações neurológicas, sendo uma das principais causas de deficiência mental.
O tratamento na criança, até mesmo no bebê, quando tem hipotireoidismo congênito, é a reposição do hormônio chamado de levotiroxina. Excluindo-se casos de tireoidite transitória (outro tipo de doença na tireoide, nesses casos a origem é uma agressão à glândula e desaparece após recuperação), não é possível reverter a condição, já que o hipotireoidismo autoimune não tem cura (bem como as doenças autoimunes no geral). Além disso, o tratamento com a medicação levotiroxina é feito por toda a vida.
Ainda não se conhece a causa específica para o surgimento da tireoidite de Hashimoto, no entanto, especialistas acreditam que tenha relação com alguma alteração genética, já que grande parte dos casos ocorrem em indivíduos da mesma família. O mesmo vale para os tipos congênitos.
Algumas pesquisas sugerem que no caso de doenças relacionadas ao sistema imunológico o ambiente externo também pode estar envolvido, ou seja, a pré-disposição no caso autoimune pode estar lá, mas o motivo de o corpo reagir é um mistério. Casos em que houve uma intervenção na região da glândula (caso da transitória ou cirurgias) resultando em hipotireoidismo não são considerados genéticos.
Fonte: Olhar Digital