Por Ana Debiazi
Por muitos anos, o processo educacional favoreceu apenas um certo perfil de estudante. Aqueles com determinadas caracterÃsticas eram beneficiados, compreendendo melhor o conteúdo e o aplicando dentro e fora das salas de aula. Hoje, felizmente os tempos são outros. Já é possÃvel incorporar ao sistema de ensino uma proposta polÃtico-educacional para uma sociedade diversa, com espaço de convÃvio para todos.
Esse cenário se dá por meio da educação inclusiva, em que há sobretudo a ênfase no desenvolvimento da independência, da autonomia e do empoderamento das pessoas neurodiversas, ou seja, dos indivÃduos historicamente taxados de "limitados" e "incapazes".
No entanto, para a educação inclusiva acontecer de verdade, é preciso se atentar a alguns desafios. Fortalecer a formação dos educadores é um deles. Os conhecimentos precisam ser mais voltados ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e social para ajudar os alunos a encontrarem o seu lugar no mundo.
Além disso, é necessário estreitar as relações entre a famÃlia, o trabalho pedagógico e a comunidade, pois, sem esses engajamentos e o protagonismo nas ações desenvolvidas dentro do lócus escolar, não será possÃvel levar o indivÃduo com deficiência ao patamar do desenvolvimento de suas potencialidades.
Por fim, a educação inclusiva na contemporaneidade deve também se preocupar com seus egressos, ou seja, traçar um perfil profissional que desenhe as competências e ajude a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. Para facilitar a compreensão de todo o contexto, listo a seguir quatro aspectos principais que relacionam o progresso da educação inclusiva com o uso das tecnologias.
Favorece o processo de socialização
A interface tecnológica é um mediador de aprendizagem para alunos que têm dificuldades de estabelecer interações sociais, como por exemplo, é o que ocorre com crianças e adolescentes com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo). Nesses casos, os indivÃduos conseguem realizar atividades pedagógicas mediadas pelo computador, com o auxÃlio do professor ao lado, o que irá facilitar progressivamente o processo de socialização.
Facilita o acesso a conteúdos
Devido à disponibilidade de uso de tecnologias em rede, a plataforma fica disponÃvel para acesso 24 horas por dia, sete dias por semana, e pode ser acessada de qualquer lugar. Além disso, a tecnologia permite a disponibilização de um banco de dados com milhares de práticas pedagógicas, classificadas de acordo com categorias, aplicabilidades, patologias etc. Esse compêndio de informações fica disponÃvel para utilização tanto da escola quanto da famÃlia, e pode ainda ser utilizado por psicólogos e terapeutas.
Personaliza as práticas pedagógicas e promove o empoderamento das habilidades
A tecnologia da plataforma Cognvox, por exemplo, está baseada em inteligência artificial, o que permite a utilização de sofisticados algoritmos matemáticos e estatÃsticos que ajudam a construir o "trilho de desenvolvimento diário" das práticas pedagógicas, algo que é dinâmico e acontece de acordo com as necessidades de cada usuário. Isso garante que o melhor aprendizado está sendo ofertado naquele momento, para aquela pessoa. Assim, o processo vai evoluindo conforme a utilização da plataforma.
Promove o conhecimento dos déficits e das potencialidades
A tecnologia presente no método Cognvox ainda está baseada em análise estatÃstica de fenômenos comunicacionais, do ponto de vista tanto videográfico quanto da avaliação de desenvolvimento. Em ambos os casos, o psicólogo tem a sua disposição uma ferramenta baseada em ciência que lhe apoia na análise de seu parecer sobre os déficits e as potencialidades de cada usuário, na recomendação das práticas pedagógicas e na reconfiguração do trilho de desenvolvimento, algo que ocorre após as avaliações de desempenho.
Como se vê, os benefÃcios que relacionam o uso da tecnologia com a construção de uma educação inclusiva de verdade são fundamentais para o desenvolvimento das pessoas com deficiência. Portanto, não podemos deixar a implementação para depois, afinal, o futuro acontece no agora.
Ana Debiazi é CEO da Leonora Ventures
Olhar Digital