Se você busca um SUV no Brasil, os nomes de peso ficam lá no Jeep Compass e no Corolla Cross, mas tem um concorrente extra na Volkswagen e ele atende pelo nome de Taos. Fica junto de outros da marca alemã e entenda isso com T-Cross e Nivus, indo até para o Tiguan, a briga é boa e o Taos chama atenção sim.
Eu passei os últimos dias dirigindo esse carro pela cidade de São Paulo e até indo além em poucas viagens curtas, para te contar nos próximos minutos se vale a pena colocar o Taos na sua garagem.
Começando pelo preço, entenda que ele fica acima do T-Cross e abaixo do Nivus. Ele é um SUV médio, o que testamos é o Highline e ele tem valor saindo de R$ 181 mil. Eu poderia falar aqui de todos os números dele, como a plataforma modular MQBA que está no Golf e no Jetta, no motor 1.4 TSI turbo com injeção direta que economiza combustível enquanto garante boa potência, alcançando 150 cavalos e 25,5 quilos de torque em apenas 1.500 giros. Isso em qualquer combustível.
O peso é de 1.420 quilos, fazendo 0 até 100 km/h em 9,6 segundos, mas eu quero focar em tecnologia e conforto nesse review, além de mostrar o que ele deixa a desejar. Começando pela frente, a Volkswagen coloca a tecnologia IQ Light, sendo ela um farol adaptativo que regula sozinho a direção do facho, a intensidade e tudo isso com lâmpada de LED.
Com uma câmera na frente, o farol pode mudar a direção dele e outros aspectos sempre que identificar outro carro vindo no sentido contrário. Girar o voltante também altera a projeção. Bastante tecnologia apenas para uma luz e eu curti bastante. Uma linha de LEDs liga os dois faróis e este detalhe passa um ar mais moderno para o conjunto. Gostei também.
Se na frente a tecnologia chama atenção, atrás o cenário é bem diferente. Começando pela abertura do porta-malas, ela acontece apenas no botão da lata e tem altura bem elevada para um baixinho como eu. Ao menos são 498 litros com chão forrado para todo lado e uma tomada 12 volts para gelar a groselha na praia. Ainda dentro, encontramos luz e até um gancho para segurar a sacola do mercado.
Um ponto que não me agradou é o desenho das lanternas traseiras, que faz o T-Cross ficar mais bonito por ligar os cantos. Ao menos no Taos tudo é LED e em um desenho meio Cyberpunk bem bacana. Uma última parte que me desagradou está nas duas saídas de ar falsas na parte inferior. É só perfumaria mesmo.
O espaço interno da parte traseira é bom, até para minha altura configurada no banco da frente – tenho 1,65 metro. Os bancos são todos em boa parte de couro, com apoio de braço e acesso pro porta-malas, tem saída de ar condicionado com controle de fluxo no console central, mas sem zona separada. Uma porta USB-C com iluminação para encontrar no escuro está presente por aqui.
Vale lembrar: esse veículo só tem porta USB-C e são três ao todo. É o futuro, é modernidade, mas pode significar que seu celular precisará de um adaptador, pois até existem muitos modelos com este conector de um lado para ligar no aparelho, mas não nos dois para plugar no carro ou em um carregador. Outro detalhe que me deixou desanimado foi a recarga, ao menos atrás, por ser um pouco lenta.
Antes de ir para frente, o túnel central pode ser um problema no conforto e vai obrigar o terceiro ocupante a dividir espaço das pernas com os outros dois. Em outras palavras: vão dois com conforto, três com muito menos.
Na frente, para quem paga o carro, o conforto é grande por conta dos ajustes com controles elétricos do banco no lado do motorista – apenas para ele. O conforto para ficar sentado é ótimo pros dois lados, com aquecimento da dupla da frente.
Saindo do conforto e indo para a tecnologia, o farol é automático, limpador também, retrovisor é fotocrômico para escurecer a luz daquele kadett que vem te empurrando na estrada de duas mãos, já que ele não tem piloto automático.
Sim, o Taos Highline vem com a trava de velocidade para você respeitar a lei direitinho e não levar multa por excessos e isso acontece em modo adaptativo. Isso significa que além de manter a velocidade configurada no plano, na subida e até na descida, ele usa um radar que fica no logo da Volkswagen para saber se tem carro freando na sua frente.
Com isso o Taos desacelera sozinho. Se o veículo ficar parado por menos de três segundos, o carro retoma a aceleração novamente.
Tudo isso sem colocar o pé no acelerador ou no freio. É um conforto danado para longas viagens ou para o anda e para de congestionamento, mas na minha experiência vivenciei poucas vezes onde o radar não detectou o carro da frente e a aceleração não foi reduzida. Eu tive que usar o freio como os antigos faziam: com o pé.
Bem, tirando isso, o Taos tem alerta de ponto cego no retrovisor para te lembrar que pode ter alguém vindo e você não viu, tem aviso de tráfego cruzado até de pedestres que ajuda demais quando você sai de uma vaga de ré, fechando com o freio automático de emergência.
Tudo isso você controla nos botões do volante e o painel do motorista é de 10 polegadas, mesmo tamanho da tela da central multimídia. Começando pelo lado de quem dirige, é possível alterar cores dos mostradores, replicar informações da do outro display como a música sendo reproduzida, mas eu senti falta de um GPS com mapa embarcado.
Na central multimídia, chamada VW Play, existe uma loja de apps e nela você pode instalar o iFood para fazer pedido pelo carro, que eu não entendo o motivo de existir já que pedir pelo celular é mais prático. Tem o Waze também, mas essa dupla e todas as outras soluções precisam de internet e não tem um SIM card de operadora aqui, você precisa ter um Wi-Fi e ele será roteado do seu celular.
Faz sentido por não criar um custo mensal extra de um plano de dados exclusivo do carro, mas saiba que o seu pacote contratado será utilizado nesse momento. Se preferir ainda é possível usar Apple CarPlay e Android Auto, até sem fio para o caso do iPhone e colocar o smartphone no carregador por indução que fica logo abaixo. Eu curti a loja, mas prefiro o Waze saindo do meu celular por espelhamento mesmo – até para não precisar fazer um login extra.
Tem outra coisa que dá para fazer nessa central: controle das luzes. Tem LED para quase todo lado e você pode ajustar a cor e o brilho. Ah, como disse, esse carro só tem USB-C e as outras duas estão na frente. Essas são mais rápidas.
Antes de fechar o review, o câmbio aqui é automático de seis marchas, mas dá para mudar com aletas no volante ou na alavanca mesmo. Achei estranho a quantidade grande de botões sem função neste local no local do câmbio – o único funcional é o freio de mão.
O Taos tem chave presencial, vidro automático nas quatro portas e um teto solar enorme, que pode ficar fechado ou aberto, mas abre só metade mesmo. O ar-condicionado é digital de duas zonas, com sensor de estacionamento para frente e atrás, mas a câmera de ré poderia ter resolução um pouco maior – ao menos tem start-stop para economizar algumas gotas de gasolina, ou etanol.
Eu gostei bastante do conjunto, da tecnologia, do conforto, do peso e dos acessórios do pacote Highline entrega, mas o Jeep Compass tem dados melhores. Olhando para a concorrência de forma mais aberta, acho que fica complicado quando comparo com o Corolla Cross da Toyota. Ele custa praticamente a mesma coisa, mas é híbrido.
Ser híbrido significa automaticamente que o Corolla Cross consumirá menos combustível em quase que todas as situações e este cenário será assim por toda vida útil do veículo. Mesmo que ele custe pouco mais, a economia no posto de gasolina acaba pagando um eventual extra em pouco tempo.
Em testes, o Corolla Cross conseguiu girar perto de 20 e 25 km/l em gasolina na estrada e 15 a 17 km/l na cidade. Comparando com os 11 km/l do Taos na gasolina, é gastar praticamente a metade do combustível que o carro da Volkswagen precisa para andar a mesma distância. Essa matemática faz bastante diferença no bolso viu.
Fonte: Olhar Digital