Durante a Segunda Guerra Mundial, seis milhões de judeus foram assassinados pelos nazistas, no que ficou conhecido como Holocausto. Blanche Fixler foi uma das poucas sobreviventes da época e que pôde tentar ter vida próxima do normal após seis anos de dor.
Quanto aos milhões mortos no Holocausto, mais de um milhão deles, infelizmente, permanecem anônimos. Mas esses dados podem mudar, pois uma ferramenta pautada pela IA (Inteligência Artificial), criada pelo engenheiro de software do Google, Daniel Patt, é capaz de reconhecer pessoas em centenas de milhares de fotografias históricas. Para se ter uma ideia, ela encontrou Fixler em foto da época da guerra que ela nunca havia visto.
O site From Numbers to Names (De Números para Nomes, em português), de Pratt, utiliza-se de reconhecimento facial para analisar o rosto de cada pessoa, partindo então para encontrar, em seu arquivo, fotos que coincidam com o rosto em análise.
No momento da publicação desta reportagem, em sua home, o portal destaca que, atualmente, possui mais de 500 mil fotografias armazenadas. Para realizar a pesquisa em todas elas, o usuário precisa realizar um cadastro gratuito. Para pesquisas sem cadastro, "apenas" 34,5 mil fotos são disponibilizadas, sendo mais de 171,4 mil rostos localizáveis nessas imagens.
Ele ainda informa que a coleção fotográfica vem do Museu Memorial Estadunidense do Holocausto, Yad Vashem e outras fontes online. Em breve, a plataforma também disponibilizará a pesquisa em vídeos.
Fixler, hoje com 86 anos de idade, mora em Nova York, nos EUA. A imagem abaixo, à direita, era conhecida pela sobrevivente. Contudo, ela desconhecia a da esquerda, tirada durante a França na guerra e reconhecida pela ferramenta.
Assim como milhões de judeus da época, a infância de Blanche Fixler não foi fácil. Ela era conhecida como Bronia e morava na Polônia, justamente quando os nazistas foram buscar ela e sua família. Seus pais foram assassinados, mas sua tia conseguiu salvá-la.
A foto trouxe memórias do passado à sobrevivente – uma antiga canção francesa que aprendeu quando criança e que há muito estava esquecida em sua mente.
"É muito importante identificar essas fotos", disse Scott Miller, diretor de curadoria do museu. "Você restaura algum semblante de dignidade a elas, algum conforto para sua família e é uma forma de memorial para toda a comunidade judaica."
"Isso é parte do problema. Não consigo destacar o tamanho da importância dessas fotos das pessoas. Todos nós conhecemos o número – seis milhões de judeus foram mortos – mas, na verdade, é uma pessoa, seis milhões de vezes", ressaltou. "Toda pessoa tem um nome, toda pessoa tem um rosto."
Na foto acima, antes que Fixler a visse, apenas três pessoas tinham sido identificadas. Agora, graças a ela, o número chegou a seis.
Fonte: Olhar Digital