A Justiça Federal do Rio de Janeiro aceitou a denĂșncia do Ministério PĂșblico Federal (MPF) contra o ex-deputado Roberto Jefferson por tentativa de homicĂdios contra quatro policiais federais, nesta sexta-feira, 9. O ex-parlamentar também serĂĄ reĂș por resistĂȘncia qualificada, posse de arma de fogo e munição de uso restrito e permitido, além de posse e adulteração de granadas. De acordo com a juiza Abby Ilharco Magalhães, "houve por parte do investigado ao menos a assunção do risco de resultado(s) morte, caracterizando-se assim a modalidade dolosa para fins de delimitação da competĂȘncia constitucionalmente atribuĂda ao Tribunal do JĂșri". A decisão da magistrada ainda ressalta que existem diversas evidĂȘncias da autoria do crime por Jefferson, uma vez que houve flagrante, depoimentos dos policiais federais e declaração do próprio acusado. O caso serĂĄ analisado pelo JudiciĂĄrio, onde Jefferson poderĂĄ apresentar sua defesa. Anteriormente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão de Jefferson por tempo indeterminado. No despacho, Moraes cita o ataque de Jefferson a policiais federais que tentavam cumprir mandato de prisão contra ele. "Efetivamente, os elementos de prova colhidos por ocasião da prisão em flagrante revelam gravĂssimo cenĂĄrio de violĂȘncia praticado por Roberto Jefferson Monteiro Francisco que, ao desobedecer ordem judicial, iniciou um verdadeiro confronto de guerra contra a PolĂcia Federal, ferindo efetivamente dois policiais federais", escreveu. Além do ataques aos agentes da PF, o cenĂĄrio se mostrou ainda mais grave com a apreensão de sete mil cartuchos de munição. "A mera posse, ainda que em sua residĂȘncia, de um verdadeiro arsenal militar, covardemente utilizado contra uma equipe da PolĂcia Federal, se revela ainda mais grave pois, em decisão de 23/8/2021, nos autos desta Pet 9.844/DF, foi determinada a suspensão de todos os portes de arma em nome do preso, com notificação da PolĂcia Federal e do Exército Brasileiro", diz outro trecho. Alexandre de Moraes avaliou os fatos como gravĂssimos e ponderou que Jefferson montou um arsenal bélico que implica risco à ordem pĂșblica em caso de soltura do ex-parlamentar. Para o ministro, demais medidas cautelares jĂĄ se demonstraram desproporcionais e inadequadas para Jefferson. "A prisão preventiva se trata, portanto, da Ășnica medida razoĂĄvel, adequada e proporcional para garantia da ordem pĂșblica com a cessação da prĂĄtica criminosa reiterada", determina.
Jefferson estava em prisão em flagrante desde o Ășltimo domingo, 23. Durante o cumprimento do mandado de prisão, o polĂtico disparou granadas e tiros de fuzil que feriram dois agentes da PolĂcia Federal. Agora, o ex-deputado responde por quatro tentativas de homicĂdio. Durante sua audiĂȘncia de custódia, ele continuou criticando e até ofendendo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Os alvos, mais uma vez, foram a ministra CĂĄrmen LĂșcia e o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e responsĂĄvel por revogar a prisão domiciliar de Jefferson. Ele proferiu novas ofensas à CĂĄrmen LĂșcia, ao dizer que fez um comentĂĄrio "mais duro" e que queria "pedir desculpas às prostitutas pela mĂĄ comparação, porque o papel dela (CĂĄrmen LĂșcia) foi muito pior, porque ela fez muito pior, com objetivos ideológicos", enquanto que as prostitutas "fazem por necessidade". Pivô do escândalo do Mensalão, Jefferson é investigado no inquérito das milĂcias digitais, que apura a existĂȘncia de uma organização criminosa que teria agido para atentar contra o Estado DemocrĂĄtico de Direito. Ele cumpria prisão domiciliar até publicar um vĂdeo nas redes sociais criticando a ministra CĂĄrmen LĂșcia, ação que vai contra as determinações da prisão. Por conta disso, a PolĂcia Federal se encaminhou para sua residĂȘncia cumprir mandado de prisão. Os agentes foram atingidos por estilhaços de uma granada arremessada por ele contra a corporação. Jefferson foi preso em 23 de outubro, em Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro. Ele disse também que, em nenhum momento, tentou ferir, machucar ou tirar a vida dos policiais que foram até sua caa para o cumprimento do mandato de prisão no Ășltimo domingo. Os agentes disseram que Jefferson os recebeu prontos para um conflito. Ele cumpre a prisão no Complexo Prisional de Bangu 8.
Fonte: Jovem Pan