A Copa do Mundo do Catar termina neste domingo, 18, com a decisão entre Argentina e França. Foram 28 dias de muita bola na rede, polêmicas (em campo e fora dele), provocações e craques do mundo todo. Alguns deles se despedem da Copa no torneio deste ano. Cristiano Ronaldo, por exemplo, não conteve o choro após seu provável último em Mundial: a eliminação de Portugal contra Marrocos. Ele ainda não oficializou a aposentadoria da seleção, mas deu alguns sinais. E, aos 37 anos, dificilmente será convocado para a próxima edição do troneio, na América do Norte (Canadá, Estados Unidos e México). "Ganhar um Mundial por Portugal era o maior e mais ambicioso sonho da minha carreira. Felizmente ganhei muitos títulos de dimensão internacional, inclusive por Portugal, mas colocar o nome do nosso país no patamar mais alto do Mundo era o meu maior sonho. Infelizmente, o sonho acabou", disse CR7.
O torneio também ficou marcado por muitos protestos. O que mais chamou a atenção foi o da seleção alemã, que posou para foto antes do jogo com a mão na boca para sinalizar censura da Fifa e do governo catari. Em campo, a polêmica foi da arbitragem, especialmente do VAR (árbitro de vídeo). Passados 17 dias, há quem insista que a bola saiu antes do segundo gol japonês contra a Espanha, a despeito dos vídeos e explicações apresentados pela Fifa. A vitória sobre os espanhóis por 2 a 1 classificou o Japão, uma das zebras da Copa, e eliminou a poderosa Alemanha. Também deu o que falar as dancinhas da Seleção Brasileira nas comemorações. Na vitória com autoridade sobre a Coreia do Sul, até Tite entrou na dança e imitou um pombo junto com Richarlison. "É um desrespeito", criticou o ex-volante Roy Keane, ídolo do Manchester United e da seleção irlandesa. "Não é desrespeito, é alegria", rebateu Tite.
Os protestos no Catar eram esperados. O país enfrenta acusações de que não respeita os direitos humanos e abusa da mão de obra imigrante. Lá, ser gay ou lésbica é considerado crime. Seleções europeias manifestaram o desejo de protestar usando as cores da bandeira LGBTQIA+, mas foram avisadas que seus capitães começariam a partida amarelados. A Alemanha, então, posou para a foto com a mão na boca, alegando ter sido censurada. No entanto, alguns descredibilizaram o protesto após o insucesso germânico em campo. "Estou aqui para jogar", criticou o belga Hazard, que também caiu na primeira fase. A repressão é tão grande que até a bandeira de Pernambuco foi vetada nos estádios por causa das cores do arco-íris. Mesmo assim, um torcedor invadiu o campo carregando a bandeira LGBT e exibindo outras duas mensagens políticas: "salvem a Ucrânia" e "respeitem as mulheres do Irã". Já os jogadores da seleção iraniana ficaram em silêncio durante o hino na estreia do país na Copa em solidariedade aos protestos em memória de Mahsa Amini, que apareceu morta após ter sido presa por uso inadequado do véu islâmico.
Os 24 minutos de acréscimos (somados os dois tempos) que o árbitro brasileiro Raphael Claus deu no duelo entre Inglaterra e Irã, na primeira rodada da primeira fase da Copa do Mundo, chamaram a atenção do mundo. Os jogos seguintes mostraram que o tempo indicado por Claus não havia sido por acaso: os árbitros foram orientados pela Fifa a somar todo tempo de jogo parado na hora de indicar quantos minutos serão acrescidos. Os acréscimos causaram alguns problemas, sobretudo em Argentina x Holanda. Com dez minutos a mais no segundo tempo, a Laranja chegou ao empate no último lance, para desespero dos argentinos, que partiram para cima do espanhol Mateu Lahoz.
Invicta havia 36 partidas, a seleção argentina tinha uma estreia considerada fácil pela frente, contra a Arábia Saudita, 51ª colocada no ranking da Fifa, atrás de países como Mali e Irlanda, que não foram para a Copa. Messi ainda anotou o primeiro gol, cobrando um polêmico pênalti, dando a impressão de que a Argentina golearia. No entanto, a Arábia fez ótimo segundo tempo e virou, tornando-se a primeira zebra do Mundial. Os sauditas, no entanto, não repetiram o desempenho contra Polônia e México e foram eliminados. Já os selecionados de Japão, Coreia do Sul e Marrocos aprontaram de verdade. Os japoneses venceram Alemanha e Espanha, ambos de virada, e terminaram o Grupo E na liderança, mandando de volta para casa os tetracampeões mundiais. Os coreanos chegaram à última rodada com apenas um ponto, mas venceram Portugal e deixaram o Uruguai para trás no saldo de gols. Os marroquinos foram além. Enquanto as duas seleções asiáticas pararam nas oitavas, os africanos superaram a Bélgica na fase de grupos, eliminaram a Espanha nas oitavas de final e despacharam também Portugal, nas quartas. Só não foram páreos para os franceses.
O gol que classificou o Japão para o mata-mata foi validado com a ajuda do VAR. Inicialmente, a arbitragem sinalizou saída de bola, mas o árbitro de vídeo, após análise minuciosa das imagens, entendeu que ela ainda estava em jogo quando Tanaka a jogou para o meio da área. Alguns torcedores não se convenceram e obrigaram a Fifa a exibir um gráfico para provar que a pelota não havia saído por inteiro. A nova interpretação do impedimento também revoltou alguns times. Griezmann marcou o que seria o gol de empate da França contra a Tunísia, na primeira fase, mas o VAR entendeu que, mesmo sem disputar a jogada, o francês influenciou na ação do defensor. Além disso, os Bleus reclamam que o árbitro de vídeo revisou o lance após o jogo ter sido reiniciado.
A Copa do Mundo do Catar foi a "última dança" de diversos craques que dominaram o futebol nos últimos anos. Messi, por exemplo, tenta fechar sua história em Mundiais com chave de ouro neste domingo, 17, aos 35 anos. O uruguaio Luis Suárez, 35, chorou após a eliminação na primeira e criticou a Fifa: "Depois da partida, queria dar um abraço nos meus filhos e na minha mulher e veio gente da Fifa e disse que não poderia abraçá-los. Por que sempre contra o Uruguai?", questionou Lewandowski, 34, foi evasivo, mas indiciou que não voltará a defender a Polônia em uma Copa. Daniel Alves, 39, e Thiago Silva, 38, deram adeus à Seleção Brasileira. O croata Modric, 37, avisou que está de saída, embora o técnico Zlakto Dálic tenta convencê-lo a jogar mais uma Eurocopa. Mas nenhum deles ficou mais sentido do que Cristiano Ronaldo. Colocado na reserva durante o Mundial, o astro português de 37 anos não chorou copiosamente após a derrota para Marrocos por 1 a 0, nas quartas de final.
Em uma Copa do Mundo com lugares vazios nas arquibancadas, as torcidas de Argentina e Marrocos salvaram a imagem do torneio. Os argentinos estão tão confiantes no tricampeonato que muitos deles viajaram sem ingressos na esperança de encontrá-los em Doha. Segundo a Casa Rosada, há 40 mil torcedores do país no Catar. Por isso, a Alviceleste jogou suas partidas como se estivesse em casa. Os estádios cataris mais pareciam a Bombonera ou o Monumental de Nuñez. Famosos pelo fanatismo futebolístico, os marroquinos também transformaram a vida de seus adversários em um inferno com tambores, apitos e cânticos incessantes. O incipiente Movimento Verde-Amarelo tentou fazer frente às duas torcidas, mas, apesar de algumas músicas contagiantes, não conseguiu e recebeu a pecha de "torcida de playboy".
Não se falava em outra coisa após a goleada brasileira sobre a Coreia do Sul por 4 a 1, nas oitavas de final: as dancinhas comemorativas dos jogadores brasileiros desrespeitam os adversários. A discussão começou após o ex-volante Roy Keane, ídolo da Holanda e do Manchester United, criticar os comandados de Tite. O próprio treinador precisou se justificar após fazer a "Dança do Pombo", marca registrada do atacante Richarlison. "Eu tenho que tomar cuidado, pois maldosos sempre dizem que é desrespeito. Mas é uma demonstração de alegria", disse o gaúcho.
Polêmica maior com a Seleção Brasileira aconteceu quando Ronaldo acompanhou Gabriel Jesus, Vinícius Júnior, Militão e Bremer em uma churrascaria em Doha. Comandado pelo extravagante chef Nusret Gökçe, conhecido pelo apelido Salt Bae, o restaurante tem como carro-chefe o bife folhado a ouro comestível, um prato que custa R$ 9 mil. Visto por muitos como mera ostentação, o jantar recebeu sua mais crítica de Casagrande, que já havia apontado a diferença dos craques brasileiros e argentinos nas tribunas do Catar — para ele, Batistuta, Crespo e Zanetti demonstram mais proximidade com o povo do que Ronaldo, Kaká, Cafu e companhia. Hoje, a maioria dos heróis do penta está rompida com Casão. Marcos chegou a ironizar no Instagram: "A Seleção não precisa do Neymar, não, precisa do Casagrande". Já o Fenômeno chamou o desafeto de "invejoso".
Fonte: Jovem Pan