Com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da república e de mais 27 governadores neste domingo, 1, 2023 inicia um novo ciclo político e econômico. No campo das finanças, a responsabilidade fiscal do novo Governo Federal, que aprovou a PEC da Transição para poder gastar R$ 145 bilhões fora do teto de gastos, é colocada em cheque pelo mercado. Para analisar o panorama econômico deste novo ano, a Jovem Pan News, entrevistou o ex-ministro da Fazenda do governo Sarney, Maílson da Nóbrega, que vê com pessimismo o cenário de 2023.
"Todas as projeções indicam uma forte desaceleração da economia brasileira. Depois de crescer algo como 3% no ano passado, provavelmente isso vai declinar para 0,9% ou 0,5%. Tem gente mais otimista falando em 1,5%. Mas a mediana das opiniões está no entorno de 0,7% para o crescimento do ano. Isso significa que não vai haver aumento de emprego, nem aumento de arrecadação e nem aumento de expectativa do crescimento do PIB, como o presidente Lula está esperando", argumentou.
O economista projeta que o atual cenário econômico dos Estados, repletos de dívidas com a União, pode afetar a relação entre governadores e o presidente: "É um bom sinal que governadores estejam se referindo a dificuldades fiscais. Porque este ano, tanto para o Governo Federal, quanto para os Estados, é um grande desafio. Eles têm que evitar que uma tendência exclusiva na dívida pública federal e as dificuldades de gestão nos Estados impactem negativamente as expectativas, a confiança e tudo isso pode resultar em uma caminhada para uma crise mais séria, o que seria um grande inconveniente no campo político".
"Isso abreviaria a lua de mel do presidente Lula. Até porque ele está prometendo quase uma maravilha. A chegada dele ao poder modificaria todas as condições, o país começaria a crescer e teria dinheiro para todo mundo. Nada disso mostra que vai se confirmar", declarou. Maílson da Nóbrega também fez duras críticas às convicções econômicas de Lula e do Partido dos Trabalhadores: "A gente tem visto nas declarações do presidente Lula que ele claramente regride a visões de mundo do PT dos anos 80".
Para o ex-ministro, seria importante que o novo governo atualizasse seu discurso econômico e promovesse iniciativas para reduzir gastos e a participação do Estado na economia: "Peremptoriamente ele [Lula] mina qualquer chance de privatização, como se as empresas estatais ainda fossem tão relevantes quanto foram a 50 ou 60 anos atrás no Brasil. Empresas estatais são um fenômeno do passado. Se você olhar, a civilização tem 10 mil anos, ou seja, 100 séculos. Empresas estatais só surgiram no século XIX e XX porque o Estado não nasceu para exercer atividades que são típicas do setor privado. O setor privado exerce essas atividades de forma muito mais eficiente"
"Voltou o discurso de que gasto é vida. O presidente Lula mesmo declarou que gasto em educação é investimento. O futuro ministro da Previdência Social disse uma coisa absolutamente sem sentido de que o déficit da Previdência Social é investimento. Gasto é gasto e déficit é déficit em qualquer lugar do mundo. Como diria o primeiro ministro espanhol, González, déficit e dívida não são de esquerda e nem de direita. Essa coisa assusta os mercados pela demonstração de que o presidente Lula e muitos participantes do PT não perceberam as transformações que ocorreram na economia brasileira e mundial nos últimos 50 e 70 anos", criticou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.
Fonte: Jovem Pan