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Primeiros três dias do governo Lula já escancaram desmandos, impasses entre ministros e levam a recuos

Bate-cabeça no primeiro escalão foi causado por divergĂȘncias relacionadas à polĂ­tica de preços da Petrobras, a desoneração dos combustĂ­veis e o futuro da reforma da PrevidĂȘncia


Imagem: AFP

Os trĂȘs primeiros dias do terceiro mandato de Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT) à frente da PresidĂȘncia da RepĂșblica são marcados, sobretudo, por atritos entre ministros e recuos motivados, em especial, por impasses sobre o rumo da polĂ­tica econômica. O bate-cabeça no primeiro escalão do governo foi causado, em especial, por divergĂȘncias relacionadas à polĂ­tica de preços da Petrobras, a desoneração dos combustĂ­veis e o futuro da reforma da PrevidĂȘncia. A cacofonia na economia, inclusive, serĂĄ tema da primeira reunião ministerial da terceira gestão do petista, que ocorrerĂĄ na sexta-feira, 6. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou, nesta quarta, que o encontro servirĂĄ para alinhar a comunicação do governo, em uma sinalização de que o PalĂĄcio do Planalto espera um freio de arrumação por parte de Lula.

O primeiro recuo foi motivado pela desoneração da gasolina e do etanol. Inicialmente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), havia acordado com o agora ex-ministro da Economia Paulo Guedes que fosse assinada uma Medida Provisória (MP) para prorrogar o benefĂ­cio por um mĂȘs – a regra ficaria em vigor até o dia 31 de dezembro de 2022. Na avaliação de Haddad, o perĂ­odo seria suficiente para o novo governo decidir sobre possĂ­veis impactos causados pelo aumento do preço dos combustĂ­veis, como a inflação, por exemplo. Entretanto, a mando de Lula, em 27 de dezembro, antes mesmo de assumir o cargo, o ministro voltou atrĂĄs e pediu que Guedes desistisse da desoneração. Temendo a repercussão que um eventual reajuste causaria na popularidade de um governo recém-empossado, houve uma nova reviravolta: no dia 1Âș de janeiro, o presidente da RepĂșblica assinou uma MP prorrogando a isenção dos tributos federais que incidem sobre gasolina, ĂĄlcool, querosene de aviação e gĂĄs natural veicular até o final de fevereiro – a alĂ­quota incidentes sobre diesel, biodiesel, gĂĄs natural e gĂĄs de cozinha ficarão zeradas até o final de 2023. Mais do que o recuo, a decisão representou a primeira derrota polĂ­tica de Haddad, que defendia a manutenção da medida por apenas 30 dias.

O segundo recuo do recém empossado governo envolveu a Reforma da PrevidĂȘncia e também marcou o primeiro atrito entre ministros. Isso porque nesta quarta-feira, 4, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, desautorizou o colega Carlos Lupi, ministro da PrevidĂȘncia e presidente nacional do PDT, durante conversa com jornalistas. Depois de participar da cerimônia de posse do vice-presidente Geraldo Alckmin no Ministério do Desenvolvimento, IndĂșstria, Comércio e Serviços, Costa descartou que o novo governo avalie, no momento, qualquer proposta de revisão do texto aprovado em 2019, durante o governo Bolsonaro. "Neste momento não tem nada sendo elaborado", disse o ministro. Ele também reforçou ainda que qualquer proposta apresentado pelos ministros terĂĄ que passar pela Casa Civil e ter aval do Planalto. Como a Jovem Pan antecipou, a afirmação contraria a fala de Lupi, feita durante cerimônia de posse no Ministério da PrevidĂȘncia, que prometeu criar uma comissão com representantes de sindicatos patronais, dos aposentados, do governo, centrais sindicais para debater o que chama de "antirreforma da PrevidĂȘncia". "É preciso discutir esse atraso, desrespeito, acinte à cidadania que foi feito com essa antirreforma da PrevidĂȘncia. É preciso ter coragem para discutir isso. É o trabalho da minha vida", disse o pedetista, ao tomar posse nesta terça. "A PrevidĂȘncia não é deficitĂĄria. Vou provar com nĂșmeros, dados e informações", completou.

O terceiro – e mais recente – recuo envolveu a Petrobras e as reações do mercado financeiro. Indicado para assumir a presidĂȘncia da estatal, o senador Jean Paul Prates (PT) afirmou, na semana passada, que a polĂ­tica de preços da empresa é "assunto de governo, e não apenas de uma empresa de mercado". "A Petrobras se ajustarĂĄ às diretrizes que o governo, tanto como governo quanto como acionista majoritĂĄrio, determinar", disse ao portal G1, em 30 de dezembro, após ser confirmado como escolhido para o comando da petroleira. A fala causou reação dos investidores e queda expressiva da Bolsa de Valores. Desde o dia 29, as ações da Petrobras (PETR4) desvalorizaram cerca de 7,8% e as ações PETR3 também caĂ­ram faixa dos 8%. Nesta quarta, no entanto, após o atual presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, apresentar renĂșncia ao cargo, Jean Paul Prates deu uma nova declaração, descartando uma interferĂȘncia do governo na polĂ­tica de preços. "Uma vez falei quem faz polĂ­tica de preços é o governo, aĂ­ interpretaram que eu estava dizendo que iria intervir porque era do governo. Não. O governo pode simplesmente dizer é livre, é liberado, é PPI, não é PPI. Mas é o governo quem cria o contexto, e o mercado também", afirmou. O mercado reagiu positivamente à fala e o Ibovespa chegou a registrar alta de 1,24% às 16h59, com as ações da estatal valorizando 3,54%.

Jovem Pan

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