Tem ações da Americanas na Bolsa de Valores? Veja o que fazer após pedido de recuperação judicial

Especialistas compartilham orientações para investidores após ações da empresa despencaram mais de 53% na última semana e passarem a valer menos de R$ 1,50 com anúncio de rombo fiscal

Por Trago Verdades em 19/01/2023 às 18:30:21

Nesta quinta-feira, 19, o Grupo Americanas entrou com pedido de recuperação judicial motivado por uma crise financeira. Na semana passada, a empresa informou uma dívida de R$ 20 bilhões, valor agora atualizado para aproximadamente R$ 43 bilhões. Com o temor do mercado financeiro sobre a habilidade da empresa de honrar seus débitos, as ações da companhia despencaram no Ibovespa. Em um pouco mais de uma semana, a empresa viu seus papéis caírem cerca de 53%, valendo menos de R$ 1,50. Em 11 de janeiro, o valor era de R$ 12. Contabilizando os últimos 30 dias, as ações derreteram 84,42%. Além disso, agência de classificação de riscos Fitch Ratings alterou o rating da companhia para "C", nível que representa que iniciou-se um processo de inadimplência ou similar e que a capacidade de pagamento está irrevogavelmente prejudicada, segundo o site da Fitch. A Moody"s também alterou seu rating para "Caa3", o que representa a identificação de um alto risco de crédito, enquanto a S&P Global Ratings alterou para "D", que indica default no pagamento de um compromisso financeiro ou quebra de uma promessa imputada. A Americanas conta com cerca de 150 mil acionistas na bolsa de valores. Com o pedido de recuperação judicial, como os investidores devem lidar com as ações da companhia?Para o sócio da Maza Investimentos e especialista em Investimentos CEA, Paco Fazito, comprar mais ações visando reduzir seu preço médio é um erro e não deve ser feito. Ele aponta que o processo de recuperação judicial da empresa deve se alongar por bastante também, tornando a aquisição de papéis pouco atrativa.

"Em relação as opções de manter ou vender, vai depender de diversos fatores, como qual o percentual da empresa na sua carteira, quais são seus prazos de investimento, quão confortável você fica com esse ativo em sua carteira e se você acredita que a empresa pode sair da recuperação judicial e crescer nos próximos anos. Essa reflexão é importante para entender seu perfil como investidor. Caso a presença desse ativo lhe tire a paz e você não acredite que possa melhorar, venda sua posição. Caso contrário, segure suas ações. É importante lembrar que você pode superar uma perda em um ativo com outro", indica. Paco ainda ressalta que as ações da Americanas registraram uma queda de 85,50% no intervalo de 11 e 18 de janeiro e, para que a ação retorne aos valores anteriores este período, é necessário que esta se valorize 589,66%. Especialista em investimentos, Danilo Zanini observa que o mercado financeiro penaliza muito as empresas que acabam quebrando a credibilidade executiva. "Por mais que o cenário seja ainda desafiador, a minha sugestão para aqueles que tem ações da Americanas é mantê-las na carteira , pois o grande prejuízo já foi concretizado. A ação já saiu do patamar de R$12 e caiu para R$1, ou seja, este investidor já perdeu a maior parte. Caso venha um cenário ainda pior, o prejuízo será apenas de R$1 por ação. Ainda tem muita coisa para acontecer, como negociações com fornecedores, com bancos e muitas coisas que vamos descobrir a seguir, então ela pode até ter uma recuperação e pra quem já possui essas ações pode ter a chance de recuperar parte deste prejuízo. Para aqueles que não possuem as ações e se questionam se seria a oportunidade de comprá-las pelas ações estarem tão baratas, a minha sugestão é tomar muito cuidado. A empresa não tem condições de seguir com as operações, não tem como pagar fornecedores e é um caso totalmente atípico na bolsa de valores. É uma situação complicada e extremamente delicada que pode sim fazer uma empresa quebrar. Resumindo, quem tem ações é melhor manter e quem não tem, não é a melhor hora para comprar", avalia.

Fonte: Jovem Pan

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